A equipe de defesa (formada por cinco advogados) do padre Nelson Koch, de 54 anos, investigado por estupro de vulnerável de dois menores, se manifestou, nesta sexta-feira à tarde, e negou que houve confissão dos possíveis crimes. O sacerdote foi preso preventivamente, na quinta-feira, e encaminhado à penitenciária Ferrugem
“Não podemos aceitar que um homem que tem uma vida pública de 25 anos como padre nas cidades da região, que nunca teve macula contra ele, seja escarniado, jogado para os porcos como estão fazendo. O padre até agora é inocente, não tem nos autos nada que demonstre que ele cometeu esses crimes. Confiamos na justiça”. “A defesa já está trabalhando com todos os pedidos que iremos formular, já estamos encaminhando, e vamos até onde pudermos buscar a reversão da prisão dele”, afirmou o advogado Márcio de Deus.
O advogado também criticou o delegado de Polícia Civil, que à época da prisão explicou em entrevista coletiva que o padre havia dito, no trajeto entre seu sítio e a delegacia, que estava arrependido e as relações com as vítimas seriam consentidas. “Não concordo, meu cliente disse que não falou, e acho que nessa situação ele (delegado) está sendo leviano. Primeiro que não deveria passar para a imprensa qualquer informação sobre o processo, porque tramita em segredo de justiça, além do mais não poderia ter feito filmagens antes de buscar o conduzido”, disparou.
“Acho que o ilustre delegado se precipitou em ter demonstrado, falado, exposto o processo na mídia. Ele é servidor público e temos os mecanismos que protegem o acusado, a população de servidor público, e o que tiver que fazer para proteger o acusado do servidor público, iremos fazer”. “Ele não confessou, o Sérgio faltou com a verdade nessa história da confissão dele”, acrescentou o advogado
Já sobre os vídeos citados pelo delegado, que haveria abuso sexual de menor, o advogado alegou que possivelmente foram editados. “Os vídeos não mostram nada que macule a imagem do padre, nenhum ato naquelas filmagens que possa macular a imagem do padre. Eu vi os vídeos e todos eles não tem nada. E mais, todos os vídeos foram editados, enquanto a defesa não tiver acesso, fazer perícia para saber se esses vídeos são legais ou não, eu não posso além disso falar mais nada. Vamos pedir a perícia”.
Marcio de Deus detalhou ainda que o celular do padre não foi formatado no intuito de apagar possíveis materialidades, e que ele não era ativo nas redes sociais. “Pelo que ele me falou, há uma semana ou um pouco mais, caiu dentro de uma caixa d’agua e estragou. Ele levou para concerto e formataram no lugar que foi consertado. Não tinha interesse nenhum em formatar o celular”.
Márcio confirmou ainda que o padre Koch teve acesso as acusações na segunda-feira e logo pediu afastamento das funções de pároco da Igreja São Cristóvão. Por fim, ressaltou o receio que o suspeito possa sofrer represárias na unidade prisional. “Se o delegado vem na mídia falar que tal pessoa cometeu um crime de estupro, isso naturalmente vai chegar no presídio, os presos sabem o que está acontecendo aqui fora, e esse crime lá não aceitam. Eles podem cometer um ato grave contra o padre lá dentro sim”, completou.
Conforme Só Notícias já informou, no dia da prisão, o delegado Sergio Ribeiro, informou que “entrevistamos as pessoas que frequentavam a igreja e dois desses adolescentes narraram esses abusos, que começaram passando as mãos nas nádegas, órgãos genitais. Uma das vítimas teria colocado o celular para gravar e filmou o padre o levando para um banheiro no quarto paroquial”. “Numa entrevista preliminar, o padre lamentou, disse que tudo que ele fez foi consentido, esses relacionamentos que ele teve com esses adolescentes, e se mostrava arrependido dos fatos, chorou porque ia deixar de ser padre, queria preservar também a igreja. Então, a gente lamenta”, acrescentou.
Além do procedimento judicial, a Comissão Especial de Apuração de Possíveis Crimes Sexuais Cometidos na Diocese instaurou procedimento administrativo, cujo prazo de conclusão é de 60 dias. Pessoas ainda serão ouvidas e possíveis provas colhidas.
Em nota, o bispo Dom Canísio Klaus ofereceu “solidariedade e auxílio espiritual e psicológico”. “Ao povo de Deus, desta paróquia e diocese, peço compreensão, orações, solidariedade e misericórdia. Que a luz do Espírito Santo ilumine a nossa igreja nesse momento difícil para um discernimento verdadeiro e justo para todos”.