A juíza Emanuelle Chiaradia Navarro Mano concedeu liberdade provisória e revogou o monitoramento eletrônico (através de tornozeleira) do idoso, de 90 anos, suspeito de matar a esposa Lucinda de Oliveira, 76 anos, e esfaquear a filha. O crime em janeiro do último ano, em uma residência no bairro Jardim Europa, nas proximidades da Unidade Operacional da Polícia Rodoviária Federal.
O suspeito cumpria prisão domiciliar e deverá comparecer ao Centro de Ressocialização de Sorriso para retirada da tornozeleira. Ele ainda está proibido de se ausentar do município, deve comparecer a todos os atos do processo, comunicar qualquer alteração de endereço, e não pode manter contato, por qualquer meio, com a sua filha, que foi esfaqueada na mão.
“Observa-se que a vítima sobrevivente, atualmente, reside a muitos quilômetros do acusado, que por sua vez, mal tem condições de se locomover e possui muitos problemas de visão (portador de glaucoma avançado, e em exame, contatou: AV c/c OD 20/20 e OE: vultos, OD: pseudofácico e OE: catarata)”, expôs a magistrada.
À época do crime, Lucinda e a filha foram socorridas por uma testemunha até o um hospital particular. A idosa passou por procedimento cirúrgico, no entanto, não resistiu e morreu horas depois na unidade. Ela foi velada em Sorriso e em seguida houve translado para sepultamento em Tangará da Serra, onde residem os familiares.
Inicialmente, a PRF foi acionada pela testemunha. Quando chegaram no local, encontraram o suspeito sentado em uma cadeira na varanda segurando uma faca com lâmina de aproximadamente 23 centímetros. Ele apresentava ferimentos e estava ensanguentado, com a fala confusa e desconexa.
Os policiais convenceram o homem a soltar a faca e acionaram uma equipe de resgate, que o encaminhou ao hospital regional para receber os atendimentos necessários, onde também passou por tomografia. A PRF apontou no boletim que em primeiro levantamento, os ferimentos foram causados pelo próprio suspeito, em tentativa de suicídio. Chegou a ficar em Unidade de Terapia Intensiva e se recuperou.
Possivelmente, uma troca de cama motivou o assassinato de Lucinda. “Ele estaria com uma cama antiga e a filha comprou uma nova cama e trocaram. Ele não ficou satisfeito porque era ele que morava lá. Aquela questão de pessoa já idosa e se descontrolou”, contou o delegado de Polícia Civil, Márcio Portela, à época do crime.
Portela emendou que “a família estava reunida na fazenda e iniciou-se uma discussão com a filha por questão de uma troca de móvel. O senhor não ficou satisfeito e começou xingamentos e ele encontrou essa faca e começou a tentar desferir golpes contra sua filha e genro. A filha se defendeu, teve lesões nas mãos, o genro conseguiu fugir. Ele (suspeito) se descontrolou e partiu também para cima de sua esposa”.
A defesa do idoso, no entanto, afirma que ele não é o autor dos crimes. Também negou que tenha tentado suicídio e acusou seu genro de cometer o crime e atingi-lo. Os advogados chegaram a alegar que o responsável pelo homicídio seria o genro do casal. A Politec chegou a realizar reconstituição do crime.