O secretário estadual de Saúde, Gilberto Figueiredo, teceu duras críticas ao movimento contra a vacinação de crianças no Brasil e alertou que, sem imunizar essa faixa etária, a população adulta não estará segura. “Neste momento, 38 países, estão vacinando as crianças. E estamos protelando essa decisão. Como se conseguíssemos nos livrar da pandemia sem imunizar as crianças. Por mais que a covid tenha uma letalidade muito pequena entre as crianças, elas também são agravadas, vão a óbito e também transmitem para os adultos. A população adulta jamais estará segura se não imunizar as crianças. É tão simples de entender isso”, afirmou.
O secretário também criticou o negacionismo contra as evidências científicas de que a vacina contra a covid é segura. Segundo ele, os resultados obtidos com a vacinação em massa da população foram ainda melhores do que os obtidos durante o período de testes dos imunizantes. Gilberto apontou, por exemplo, que, em Mato Grosso, a taxa de letalidade é de 0,28% entre os pacientes internados e que receberam as duas doses.
“Nunca questionamos as outras vacinas. Mas fizemos isso agora, ao ponto de ter que fazer audiência pública para decidir se vacina ou não as crianças. Então, olha o absurdo em que nós nos metemos. Muitos acham que a vacina da covid nasceu com a pandemia. E necessariamente não. Quatro anos antes da pandemia já existiam estudos, quando surgiu a primeira versão do coronavírus. O que se ganhou de tempo nisso foi a condicionante que permitiu, em prazo recorde, a vacina estar à disposição da população. Basta ler um pouco, estudar o advento da vacina, que a gente percebe que esse negacionismo é a coisa mais criminosa que a gente pode ter em nosso país”, criticou, em entrevista ao MT Mais News.
Em dezembro do ano passado, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) aprovou a aplicação da vacina da Pfizer, em crianças de 5 a 11 anos de idade. Na última quarta-feira (5), o governo federal anunciou a inclusão dessa faixa etária no plano de operacionalização de vacinação contra a covid-19. As primeiras doses de vacinas contra a doença destinadas ao público infantil deverão chegar ao Brasil no dia 13 de janeiro.
Em Mato Grosso, a aplicação de vacinas em crianças já está aprovada desde dezembro, por meio de uma resolução da Comissão Intergestores Bipartite (CIB). De acordo com o documento, a vacinação de crianças de 5 a 11 anos ocorrerá com o acompanhamento de pais ou responsáveis. Para fins de registro, deverá ser exigido um documento oficial de identificação da criança e não será necessária a apresentação de prescrição médica para o ato da vacinação. Contudo, a vacinação deste público só terá início após o envio de doses específicas pelo Ministério da Saúde e emissão de nota técnica referente à técnica de aplicação.
Segundo o governo federal, o Brasil receberá, no primeiro trimestre de 2022, 20 milhões de doses pediátricas destinadas a este público-alvo, que é de cerca de 20,5 milhões de crianças. O Ministério da Saúde receberá, ainda em janeiro, um lote de 3,74 milhões de doses de vacina.