O designer sinopense Cícero Moraes, apresentará no dia 13 do próximo mês, a reconstrução da face do santo São Vicente de Paulo, na catedral Nossa Senhora da Penha, em Crato, no Ceará. O trabalho foi realizado através de imagens do crânio, como conta o artista. “A ideia surgiu em 2015, pelo doutor José Luís Lira. Ele é especialista em história de santos e, esse caso, ele estava fazendo algum material sobre o Vicente de Paulo e descobriu imagens do crânio dele”.
Cícero revelou que foi a partir de fotografias que o trabalho desenvolveu, já que o corpo de São Vicente de Paulo possivelmente estaria comprometido com cera. “Quando a gente faz a reconstrução o ideal é ter uma tomografia do crânio ou uma digitalização em 3D, porém o Vicente de Paulo não dá pra fazer isso porque o corpo dele foi envolvido com uma estrutura de cera, e a única informação que a gente tem a respeito do crânio é algumas fotos que foram feitos em 1.960. Essas fotos foram feitas vários pontos de vista diferente e isso permitiu colocar no programa 3D e digitalizar nessa dimensão”, explicou.
O designer explicou ainda, que para realização da pesquisa para reconstrução conta com auxílio de especialistas, como cirurgiões e peritos na comprovação do sexo e idade da pessoa. “Para fazer a reconstrução fácil o ideal é que você envie esses restos mortais para um perito, sem que ele saiba quem é essa pessoa para ele fazer uma observação de qual é o sexo e idade, pois pode acontecer de não ser o crânio da pessoa, e então nesse caso a gente enviou as fotos para oito especialistas diferentes, e pelo menos quatro desses houve uma convergência na observação deles, que era uma pessoa de meia-idade a idoso e isso permitiu a gente fazer a reconstrução”.
O artista possui mais de 10 anos realizando reconstruções faciais, e ele detalhou técnicas utilizadas. “É uma aproximação facial forense, porque você tem o crânio da pessoa e digitaliza isso em 3D, e você vai reconstruindo com os músculos principais do rosto. A gente utiliza dados estatísticos de população para saber o quanto de massa tem no crânio, sendo uns 75% disso, e o restante fazemos algumas projeções”.
O desenvolvimento do trabalho é realizado de forma estatística e anatômica, explica Cícero. “O próprio osso nasal te dá umas direções para onde apontam o nariz e os limites desse nariz é pelas aberturas do osso nasal, a gente consegue fazer uma estatística e ter uma certeza significativa de onde estaria a ponta do nariz e qual sua projeção. Os lábios, fiz um traçado com referência a órbita e os dentes caninos, já a orelha como não tem informação a gente faz uma projeção geral e pega uma média estatística. Para finalizar a gente utiliza informações históricas da roupa da pessoa”.
Além da apresentação, Cícero Moraes irá receber um título de Doutor Honoris Causa pela Faculdade Tecnológica de Limoeiro do Norte, no dia 12 de fevereiro, também na cidade de Crato, no Ceará.
