As contratações temporárias supostamente realizadas para cumprir acordos políticos na secretaria municipal de Saúde de Cuiabá teriam “tirado” a vaga de pessoas aprovadas em processos seletivos. O apontamento foi feito pelo Ministério Público de Mato Grosso (MPMT), na ação civil que resultou no novo afastamento do prefeito Emanuel Pinheiro (MDB).
Ao longo da sentença proferida pelo juiz da Vara Especializada de Ação Civil Pública e Ação Popular, Bruno D’Oliveira, o magistrado destaca o pedido feito pelo MP. Em um dos pontos abordados pelo órgão de controle, é apontado que dos 3.565 contratos temporários apenas 421 pessoas foram resultantes de teste seletivo.
O número, que representa 11,8% do total de profissionais atuantes, sinaliza que os aprovados no seletivo que não foram contratados “possivelmente nem foram chamados porque suas vagas estão barganhadas politicamente pelo réu”, afirmou o Ministério Público.
Destaque do MPE apontou ainda que há atualmente 574 pessoas na “fila de espera” para serem chamadas mesmo tendo sido aprovadas no seletivo de 2019, que foi realizado após Termo de Ajuste de Conduta (TAC) com a finalidade de vedar a prática de contratação irregular.
Os apontamentos do Ministério Público foram feitos à Justiça em meio à exposição de supostas irregularidades na SMS, sobretudo quanto à contratação irregular de pessoas para a Saúde da Capital sem capacitação profissional como moeda política.
Conforme noticiado pela reportagem, o novo afastamento do prefeito foi determinado 8 dias após a primeira medida judicial ser executada contra Emanuel, no âmbito da Operação Capistru.
A operação, deflagrada na terça-feira (19) pelo Núcleo de Ações de Competências Originárias (Naco), do Ministério Público, afastou o prefeito, prendeu o chefe de gabinete de Emanuel e bloqueou as contas do emedebista.