O Ministério Público informou, há pouco, que um homem foi denunciado por feminicídio qualificado praticado contra a companheira Indiana Geraldo Tardett, em Lucas do Rio Verde. Também foram denunciados pelo homicídio outro homem e uma mulher, que seriam executores do crime sob encomenda do marido da vítima. Os três estão presos provisoriamente e responderão ainda por fraude processual, em razão de terem alterado a cena do crime para indicar que fosse suicídio.
O acusado e Indiana mantinham união estável desde 2016 e eram sócios em uma empresa no ramo de manutenção de aeronaves, em que ela era responsável pela parte financeira e ele pela parte operacional. Nos dias que antecederam os crimes, o casal, que já tinha um relacionamento conturbado e marcado por relacionamentos extraconjugais, iniciou processo de separação. Por considerar-se o único proprietário da empresa regida por ambos e único detentor de todos os direitos concernentes ao negócio, o suspeito queria se livrar a qualquer custo de sua companheira e, consequentemente, da própria divisão patrimonial equânime.
Assim, ele entrou em contato com o pai de santo, que conhecia o casal havia alguns anos e prestava auxílio espiritual a eles, e confidenciou que o relacionamento estava insustentável, e que não só era preciso “desamarrar a relação”, mas sim “colocar Indiana no caldeirão do satanás”. Ele pediu auxílio da outra acusada, que também trabalhava com rituais de candomblé, para executar o crime. Eles foram até a casa da vítima entre os dias 30 e 31 de maio, com o pretexto de que a ajudariam a reatar o relacionamento.
“Já no interior do imóvel, os denunciados, visando ocultar o propósito homicida, iniciaram a dissimulação de um ritual, orientando que a vítima permanecesse de joelhos, em cima de um lençol branco, em um dos quartos da residência, enquanto os dois iniciavam, fraudulentamente, o processo ritualístico”, narra a denúncia.
O pai de santo então desferiu o primeiro golpe na cabeça da vítima, com um facão artesanal, deixando-a desacordada para depois golpear a lateral direita do pescoço e próximo ao punho direito, “extravasando intensa crueldade”.
“Em seguida, visando impossibilitar a correta aplicação da lei, notadamente para em um primeiro momento ludibriar os peritos criminais e, consequentemente, o juiz criminal competente para análise do caso, os denunciados, com a ciência do mandante do delito, modificaram o lugar do crime, cobrindo a vítima com um cobertor branco, além de deixar o facão na mão direita da ofendida, tentando simular a ocorrência de um suicídio para se eximirem de responsabilidade criminal, bem como para que não fosse descortinada a autoria do denunciado Cláudio como sendo – como de fato foi – o mandante intelectual do crime”, conforme narrado na denúncia.
As informações são da assessoria do MP.