A Polícia Civil de Mato Grosso informou, esta tarde, que criou um canal exclusivo para que a população possa fazer denúncias sobre atos ilícitos de corrupção e lavagem de dinheiro. No site o mato-grossense poderá fazer o registro de forma anônima ou identificada, sobre qualquer ato de corrupção, com a garantia de sigilo da identidade e o canal busca aperfeiçoar a atuação na investigação de crimes de lavagem de dinheiro, conforme previsto em uma das ações definidas em 2018 pela Estratégia Nacional de Combate à Corrupção e à Lavagem de Dinheiro. Para que a ocorrência tenha um atendimento mais rápido, sempre que possível, o cidadão deve fornecer o maior número de dados como a ação do fato, onde aconteceu e como está acontecendo; quem são as pessoas ou organizações envolvidas e, ainda, quais as suas redes sociais; a atividade profissional do denunciado; se o denunciado tem empresa ou ostenta patrimônio ou padrão de vida incompatível com a atividade profissional que declara exercer.
O diretor de Inteligência, delegado Juliano Carvalho, analisa que o site fortalece os canais disponíveis para que a população possa colaborar com a Polícia Civil na identificação de ações ilícitas que envolvam corrupção. “Quanto mais tivermos mecanismos à disposição da sociedade, mais fortalecemos o combate à corrupção, a exemplo do que já é praticado em outros estados, onde a Polícia Civil dispõem de espaços semelhantes para denúncias de lavagem de dinheiro, como em Pernambuco e no Distrito Federal, e também por parte do Ministério Público em São Paulo e Goiás”, aponta.
O investigador Marcos Monclair, que atua no Laboratório de Tecnologia Contra Lavagem de Dinheiro, explica que mesmo sem ter todas as informações, a denúncia pode ser realizada da mesma maneira e o laboratório encaminha os dados à delegacia responsável pela apuração. Será gerado um número de protocolo, com o qual o denunciante pode acompanhar o andamento do registro da denúncia.
“Os investimentos em tecnologia efetuados pela Polícia Civil dão continuidade ao aprimoramento de ambientes virtuais que possam estreitar ainda mais a comunicação com a população. Desta forma, a instituição proporciona um atendimento de qualidade e serviços confiáveis no combate aos crimes de corrupção, onde a maior vítima é a sociedade”, diz o policial, através da assessoria.
Os crimes de lavagem de dinheiro estão previstos na Lei 9.613/98 e são decorrentes da ocultação ou dissimulação de bens ou valores obtidos ilicitamente por meio de outros crimes, como corrupção, desvio de recursos públicos, tráfico de drogas, furto, roubos e estelionato. Os indícios de lavagem de dinheiro muitas vezes estão presentes, por exemplo, quando criminosos passam a ostentar um padrão de vida incompatível com a atividade profissional que declaram exercer, passam a usar terceiros em suas transações (laranjas) ou montam empresas de fachada para dar legalidade a recursos obtidos ilicitamente.
A assessoria informa que essa unidade da Polícia Civil colaborou ativamente com diversas investigações de repercussão conduzidas pela instituição ao longo dos últimos anos, cujas operações realizadas chegaram a dezenas de prisões de envolvidos em crimes como corrupção na administração pública, organização criminosa, homicídios, roubos, lavagem de dinheiro e efetuou também a recuperação de ativos.
A Operação Sodoma investigou crimes envolvendo a administração pública e foi uma das apurações de maior repercussão dos últimos anos em Mato Grosso. O inquérito policial investigou uma organização criminosa composta por agentes públicos, que ocuparam cargos do alto escalão do governo do Estado nos anos de 2013 e 2014, que praticou crimes de corrupção e lavagem de dinheiro, entre eles a concessão ilegal de benefícios fiscais a empresas. O resultado da investigação recuperou aproximadamente R$ 139 milhões diretamente aos cofres do Estado, que foram revertidos para investimentos em obras públicas como escolas e também na construção da nova sede da Polícia Civil, e outros R$ 1 bilhão indiretamente, conclui a assessoria.