Está mantido para o dia 28 de julho o júri popular dos suspeitos de envolvimento nas mortes de Adriano Gino, 29 anos, e Jandirlei Alves Bueno, 39. A maquiadora Cleia Rosa dos Santos Bueno, 37 anos, é acusada de encomendar a morte do marido Jandirlei, que teria sido executado pelo suposto amante dela, Adriano Gino. A mulher também seria responsável por contratar os irmãos José Graciliano dos Santos, 34 anos, e Adriano dos Santos, 23, para matarem Gino. Os crimes aconteceram entre 2016 e 2017.
Em maio, quando designou a data para julgamento, a Justiça determinou que a sessão fosse realizada de forma híbrida, com a presença apenas de algumas pessoas no plenário. Os acusados, por exemplo, foram autorizados a participar do ato somente por meio de videoconferência. A defesa de Cleia então entrou com um pedido requerendo a presença física da acusada no plenário, “alegando ser essencial para o legitimo direito de plena defesa”.
O pleito, no entanto, foi negado pela juíza Rosângela Zacarkim. “É sabido que a situação excepcional e de emergência decorrente da pandemia exigiu a tomada de providências no âmbito de todo o Poder Judiciário brasileiro, como a suspensão dos prazos processuais e dos atos presenciais, além da institucionalização do teletrabalho obrigatório, no intuito de garantir o direito à saúde dos servidores, defensores e jurisdicionados. Diante disso, de maneira a proporcionar continuidade na prestação jurisdicional e com o objetivo de garantir o distanciamento necessário para conter a propagação da covid-19, determinou-se a realização da sessão de julgamento dos acusados pelo Tribunal do Júri de modo híbrido”.
Além de Rosângela, estarão no plenário apenas auxiliares de Justiça, a Promotoria, defensores/advogados dos réus e jurados. Ao remarcar o julgamento, em maio, a magistrada ainda decidiu manter Cleia e os irmãos na cadeia.
O júri popular do caso já foi adiado três vezes. Inicialmente, os acusados seriam julgados em 2 de dezembro do ano passado. No entanto, a defesa da acusada pediu a redesignação, pois não poderia comparecer ao julgamento, e o júri popular foi adiado para 10 de fevereiro deste ano. Naquela data, porém, com o retorno de Sinop à classificação de risco moderado de contágio da covid, o julgamento acabou novamente sendo postergado para 25 de maio. Na terceira vez, foi redesignado para 28 de julho.
Após o primeiro adiamento, a defesa pediu para desmembrar (separar) o processo para que os irmãos fossem julgados ainda em dezembro, apenas pelo homicídio de Adriano. O pedido, no entanto, não foi aceito pela Justiça.
Cleia é a única dos três que irá a júri popular por duplo homicídio. Pela morte do marido, ela vai a julgamento por homicídio qualificado, cometido por motivo fútil, meio cruel e recurso que dificultou a defesa da vítima. Em caso de condenação, poderá ter a pena agravada se for reconhecida pelos jurados como a mandante do crime.
Pelo assassinato de Adriano Gino, a maquiadora vai responder em júri popular por homicídio qualificado, cometido de maneira cruel, mediante recurso que impossibilitou a defesa da vítima e para assegurar a ocultação e impunidade de outro crime, no caso, a morte de Jandirlei. Também poderá ter a pena aumentada, caso seja condenada, por ser a suposta mandante do assassinato, e ainda responderá por ocultação de cadáver.
Os irmãos José e Adriano, por outro lado, que teriam sido contratados pela maquiadora para matar Gino, irão responder por homicídio qualificado, cometido mediante promessa de recompensa, de maneira cruel e recurso que dificultou a defesa da vítima. Também serão julgados por ocultação de cadáver.
A maquiadora é acusada de mandar o amante Adriano matar o marido e depois teria contratado José e Adriano, que trabalhavam como vigilantes no mesmo bairro onde ela morava, para matar o amante. Cleia e os irmãos foram presos no final de março de 2018 por policiais da Delegacia Especializada de Roubos e Furtos (Derf). Os irmãos levaram os investigadores até o local onde o corpo de Gino foi enterrado, em uma área de mata, na estrada Alzira. Ele estava desaparecido desde o dia 23 de dezembro de 2017. Na mesma vala, foi encontrada a motocicleta da vítima.
Jandirlei foi esfaqueado na residência do casal, no Jardim Florença, durante suposto latrocínio (roubo seguido de morte), que teria sido executado, segundo a polícia, pelo amante de Cléia. O marido da maquiadora foi atingido por dois golpes de faca, em outubro de 2016, e ficou internado por quase dois meses, porém, acabou falecendo. Na data do crime, a mulher contou à polícia que estava em casa, na companhia do esposo, quando foram rendidos por dois assaltantes. Na versão contada, Jandirlei teria reagido e sido esfaqueado.
Em alegações finais no processo, a maquiadora disse que não participou da morte de Jandirlei. Também pediu absolvição em relação ao crime de homicídio contra Gino. Já a defesa de Adriano dos Santos pediu a impronúncia do réu, afirmando que ele cometeu “crime impossível”, uma vez que o suposto amante de Cleia já estaria morto quando recebeu os golpes de enxada. Apontou também que José Graciliano é inocente e não participou do assassinato.