A Polícia Civil cumpriu, nesta segunda-feira, o mandado de prisão de um homem de 54 anos investigado pelas mortes de Valdir Hennig, 45 anos, e Tatiane Medeiros Hennig, 46. O casal foi assassinado, em abril, e os corpos foram encontrados carbonizados, dentro de uma caminhonete, em uma área rural do município de Porto dos Gaúchos (240 quilômetros de Sinop).
O homem preso pela Polícia Civil é irmão de Valdir e foi localizado em Itanhangá (150 quilômetros de Sinop). “Foram inúmeras incongruências nos depoimentos do suspeito e de testemunhas, fora o fato de que ele estava em posse de vários objetos pessoais das vítimas, bem como teria realizado negócios com bens de propriedade do casal”, explicou o delegado João Antônio Batista Ribeiro Torres, responsável pelo caso.
Segundo a Polícia Civil, a apuração realizada pela equipe da delegacia de Porto dos Gaúchos levantou diversas informações e inúmeros indícios que apontam para o envolvimento do irmão de Valdir. No dia 3 de maio, por exemplo, ainda durante as buscas ao casal, uma equipe da Polícia Militar surpreendeu duas pessoas na mata, identificadas como um irmão e um sobrinho de Valdir Hennig, que se assustaram ao se deparar com os militares.
Ambos alegaram inicialmente aos policiais que estavam colhendo limões e que, porventura, encontraram uma trilha com marcas de pneus que seguia mata adentro e levava à camionete das vítimas. Eles disseram que seguiram até um ponto, quando então, segundo eles, não tiveram coragem de ir adiante.
Conforme a apuração, no momento em que os policiais chegaram à caminhonete, e encontraram os corpos carbonizados, o irmão de Valdir não esboçou nenhuma reação ou sentimento de perda diante do cenário encontrado, o que “causou espanto aos policiais”.
Tio e sobrinho foram ouvidos na delegacia de Porto dos Gaúchos e, de acordo com o delegado João Antônio, os depoimentos apresentaram diversas contradições. “Os testemunhos estavam desencontrados, o que chamou bastante a atenção da Polícia Civil”, informou o delegado, que requereu ao Poder Judiciário local um mandado de busca e apreensão na residência do irmão da vítima.
Na casa, os policiais civis localizaram documentos pessoais de Valdir e Tatiane. Além disso, a Polícia Civil apurou que tratores que a vítima tinha em sua propriedade desapareceram. Nas investigações, os policiais conseguiram identificar que, na verdade, os veículos agrícolas foram vendidos pelo irmão, como se fossem propriedade dele.
Outros indícios apurados pela Polícia Civil apontam que o casal foi vítima de uma emboscada. Na estrada até a propriedade das vítimas foi encontrada uma árvore, tombada para dificultar a passagem de veículos. Logo nas primeiras buscas realizadas, assim que a Delegacia de Porto dos Gaúchos foi comunicada do desaparecimento de Valdir e Tatiane, os policiais foram até a propriedade e próximo à estrada encontraram munições e cápsulas deflagradas, um pedaço de relógio, uma máscara de tecido e vestígios de sangue.
Duas equipes formadas por policiais civis, PM e Corpo de Bombeiros realizaram buscas por dias pelo casal, inclusive com cães farejadores. Valdir e Tatiane desapareceram no dia 28 de abril, depois de saírem na véspera, da propriedade deles, e irem até a cidade de Itanhangá visitar familiares combinando de voltar no dia seguinte.
Contudo, com a ausência dos dois, um irmão da vítima teria ido em busca e foi informado por familiares que o casal já havia retornado a Porto dos Gaúchos, na data combinada. Esse outro irmão de Valdir tentou contato no celular das vítimas e não conseguiu e procurou a polícia relatando o sumiço dos dois.
A partir da comunicação do desaparecimento, a Polícia Civil organizou as buscas, contando com apoio do Corpo de Bombeiros. A procura foi realizada em uma extensa área de mata, na ‘região do 47’, onde o casal tinha a propriedade, e contou com auxílio de cães farejadores do Corpo de Bombeiros de Tangará da Serra e da equipe de Juína.
No terceiro dia de busca, a caminhonete do casal foi localizada em um local de difícil acesso. A Mitsubishi L200 Triton foi totalmente queimada e dentro estavam dois corpos carbonizados que, pelo estado, não foi possível afirmar no ato que se tratavam dos corpos de Valdir e Tatiane. O delegado João Antônio Torres solicitou a realização de exame de confronto de DNA, assim como a camionete que também passou por perícia da Politec.
Para o delegado, a prisão do suspeito é “imprescindível” para a sequência das investigações. O inquérito policial deverá ser concluído na próxima semana.
A informação é da assessoria da Polícia Civil.