Foi sepultado, hoje, no cemitério municipal de Sorriso, o menino Braian, de cinco meses, assassinado pela própria mãe, Ramira Gomes da Silva, de 22 anos. A mulher confessou à Polícia Civil que asfixiou a criança com um travesseiro e, em seguida, amputou as pernas e braços, para facilitar a ocultação do cadáver, e enterrou o corpo embaixo de um tanque. O crime foi cometido no último dia 13, onde Ramira morava, na rua Itajaí, no bairro Benjamin Raiser.
“Nesse momento, é só deixar os sentimentos pela repercussão e gravidade sobre como ocorreu esse homicídio. Uma criança de pouquíssimos meses. Isso nos deixa com um sentimento pessoal aflorado. É impossível não vincular um sentimento pessoal. Hoje, encerramos as investigações e, por coincidência, é a data do velório da criança. Apresentamos nossos sentimentos finais. Agora, é colocar tudo na mão de Deus. Certamente, Braian está em um lugar muito melhor”, comentou o delegado José Getúlio, que participou do sepultamento, ao lado de outros policiais civis que também trabalharam no caso.
O delegado também confirmou que Ramira será transferida para o presídio Ana Maria do Couto May, em Cuiabá, mas a data ainda não está definida. “A gente está com dificuldade de recursos humanos para fazer esse recambiamento. Mas, provavelmente, amanhã, no mais tardar quinta-feira, ela será encaminhada ao presídio Ana Maria, que tem uma estrutura melhor para comportar esses tipos de presos, que possuem alto grau de periculosidade”.
Esta manhã, a Polícia Civil informou que Ramira confessou o crime e disse que o cometeu para continuar com um relacionamento. Detalhou que a criança foi sufocada enquanto dormia, em um carrinho. Ela contou que fez uma primeira tentativa pressionando um travesseiro contra a cabeça para asfixiá-lo mas, depois de um minuto, notou que ele estava vivo, respirava e chorava.
A acusada relatou ainda que fez novamente o mesmo movimento para asfixiar o filho, pressionando o travesseiro com mais força sobre a cabeça por aproximadamente três minutos e não ouviu nenhum barulho, pois alegou que estava agitada com a situação. Após esse tempo, Ramira pegou no colo e constatou que não estava respirando e não tinha movimento. Depois de ir ao banheiro, ela pegou o corpo e o colocou na pia da cozinha, onde cortou braços e pernas, a fim de facilitar a ocultação do cadáver.
Ela contou que lavou a pia com um produto para limpar panelas e jogou fora a roupa que usava no momento em que cometeu o crime, não se recordando se o vestido ficou com sinais de sangue. Todo o ato criminoso ela informou que terminou ao amanhecer do dia.
Ainda no depoimento, Ramira disse que por volta das 10h da sexta-feira (13), foi a um supermercado onde comprou produtos como bicarbonato de sódio, álcool e água sanitária, que usou para terminar de limpar a cozinha. Depois disso, descansou na varanda da casa e, à tarde, foi ao dentista, seguindo depois para a rodoviária, onde consultou horários de ônibus.
A investigada relatou que terminou de arrumar a mala, tomou banho e foi, por volta da meia-noite, à rodoviária, onde comprou uma passagem para Cuiabá, chegou no sábado de manhã e conseguiu comprar outra passagem, desta vez a Porto Velho onde chegou no domingo à tarde. Dormiu na rodoviária e, na segunda-feira (17), comprou passagem de barco para seguir até Manaus. No mesmo dia, informou que recebeu mensagem de um familiar pedindo explicações e falando que a Polícia Civil havia localizado o corpo do bebê. Em seguida, ela foi para a barca, permanecendo no local até o momento em que foi presa.
Ramira foi indiciada por homicídio qualificado (meio cruel, motivo torpe, asfixia e impossibilidade de defesa da vítima) e ocultação de cadáver. A mulher morava em Sorriso desde fevereiro, e tem outra criança, de dois anos, que é criada pelos avós paternos.