A Assembleia Legislativa de Mato Grosso aprovou moção de aplausos para a Polícia Civil do Rio de Janeiro como forma de “homenagear” a corporação pela operação na favela do Jacarezinho, que terminou com a morte de 29 pessoas, sendo um policial, e que no exterior é tratada como chacina. A proposta foi apresentada pelo deputado Xuxu Dal Molin (PSC), apreciada ontem em plenário, e teve o voto contrário apenas do deputado Lúdio Cabral (PT), que se disse “envergonhado”.
Na justificativa da matéria, Xuxu diz que a moção “tem como escopo exaltar” a polícia pela ação realizada no dia 6 e defendeu os policiais ao dizer que a operação foi baseada em informações de que traficantes estariam aliciando crianças da comunidade.
“Todo trabalho foi fruto de investigação, inteligência, fazendo uso da quebra de sigilo. Infelizmente houve mortes, fato lamentável, porém a polícia tem combatido com veemência o grande e articulado esquema de tráfico de drogas e armas”, justificou.
O deputado Lúdio Cabral foi o único que se levantou contrário à moção e classificou a operação policial como “fracassada, desastrosa e, muito provavelmente, criminosa”. Ele explicitou o fato de que das 21 pessoas investigadas, apenas seis foram atingidas pela operação, sendo três mortos e três presos. Os demais mortos, explicou, não tinham ligação com a investigação.
“Votei contra, mas tem dia que dá vergonha de ser deputado. Apologia à morte? Aplauso a uma chacina? É inaceitável”, escreveu, nas redes sociais.
Ontem, após pressão popular e de organizações defensoras dos direitos humanos, o Ministério Público do Rio de Janeiro anunciou a criação de uma força-tarefa para investigar denúncias de execução e de abuso policial na operação. Organismos internacionais também cobram investigações e a Organização das Nações Unidas (ONU) se disse perturbada com o massacre.
