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A piada e o país

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Há três semanas, quando saí em férias, ainda não havia a divulgação da delação premiada de Joesley Batista e o país parecia que estava começando a recuperação da economia, vale dizer, da produção e do emprego. Perigoso para um jornalista estar longe de uma crise em que os fatos se sucedem com a rapidez de horas. Mas ficar longe dos acontecimentos pode ter alguma vantagem: a gente tem a visão conjunta da floresta, e não se atrapalha com cada árvore envolvida. Algumas de casca grossa, que resistem até a incêndios; outras, de tronco flexível, que logo se curvam; e há as fracas, que quebram na tempestade. Como saber para que lado está indo o País se há tantos tipos diferentes envolvidos? E são gente que olha para o próprio umbigo, ou melhor, para o próprio bolso. Gente que se apega ao grupo, para tentar ser forte; gente que bota fogo na floresta, literalmente. E pouca gente que pensa no país.

Muita gente que se elegeu mas não tem vocação para a verdadeira política, para ver longe, ser estrategista – só há táticos, com ações imediatas, da hora, ditas casuísticas, na base do salve-se quem puder. Falta cabeça fria quando o cérebro ferve com ódio, vingança ou medo – todos maus conselheiros. E a nação, já tradicionalmente com pouca ordem, se afrouxa ante os desafios.

As versões ficam maiores que os fatos e factóides se fantasiam de realidade. A hipocrisia reina absoluta; mente-se com a maior convicção. Não foi crise importada, não foi criada por empresários que desempregaram para não falir. De fato foram muitos, mas não foram todos, empresários e políticos que se juntaram na compra e venda do poder de eleger, de dar vantagens, benefícios. 

Com essa crise que envolve os três poderes, reformas essenciais ficaram em suspense. E um crime é que tudo seja custeado com a riqueza produzida por quem trabalha e crime maior é que os recursos usados pela corrupção faltaram para os hospitais, escolas, segurança. E se pagou para ter boas escolas e bons hospitais e verdadeira segurança. Divorciaram-se do país real para viver o conto de fadas dos conluios com o dinheiro. O nome do país deles se chama dinheiro e não Brasil. Quando o Presidente da Justiça Eleitoral comparou o país com as Organizações Tabajara, a turma do Casseta & Planeta protestou e o ministro Gilmar Mendes pediu desculpas, “não queria ofender”. Transformam o país em piada.

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