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Política estudantil

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Quando eu era um dos diretores da União Cachoeirense de Estudantes, tinha 15 anos e cursava o científico, pensava que o mundo girava em torno de nós, jovens, alegres e estudantes. Quando presidi o Centro Acadêmico da Faculdade de Comunicação Social da PUC/RS, já com 28 anos, pensava diferente. Aos 15, valia o “querer é poder”; aos 28, percebia que “poder é saber”. No meio do caminho, havia feito a cobertura da Revolução Cubana, pelo rádio, e ainda pensava que Guevara fosse um herói, e não um assassino frio e covarde. Fazia poesias exaltando o “Che” e Dom Hélder. Depois fui descobrindo a realidade dos personagens e suas idéias. Quando jovem, a gente se engana fácil ou é enganado com facilidade pela pouca distância que se tem entre o pensar e o agir.
    
Por isso compreendo essa garotada que se jogou na aventura de invadir escolas para impedir o ENEM,  a PEC de limitação de despesas do governo federal e a reforma do ensino médio. Não impediram o ENEM, um sucesso com quase 6 milhões de comparecimento às provas; a emenda dos gastos vai ser aprovada no Senado e o ensino médio vai ser logo reformado, depois de 18 anos de lenta discussão. Compreendo que acreditem nas estórias contadas por professores sindicalizados – que, por sua vez já as ouviram de terceiros, impregnadas de fé religiosa em idéias sociais e políticas que fracassaram em todos os quadrantes do mundo. É o mecanismo da sublimação, descrito por Freud. Frustraram-se na sua ideologia e criam um sonho, uma irrealidade que, para ter a aparência de real, transmitem-na para os alunos, para mentes disponíveis, ainda com fracos mecanismos de censura.
    
Compreendendo os que estão na idade adolescente por que já passei. Mas fico na obrigação de alertar-lhes que já estão entrando no tempo do amadurecimento, de pensar por si próprios, serem céticos, submeterem qualquer tipo de catequese à luz da razão. Ou serão manipulados e podem ser conduzidos a erros que prejudicam os outros. O mal que se faz para si pode atingir outros e aí se torna um mal maior. No ENEM, 271 mil inscritos foram prejudicados por invasões de locais onde fariam as provas. A transferência do exame para início de dezembro vai custar 15 milhões a mais para os contribuintes, que são aqueles que trabalham, que compram, que recolhem impostos. O professores sindicalistas que manipularam seus alunos e os partidos políticos que se aproveitaram das jovens mentes idealistas e sonhadoras, precisam ser recebidos com filtros da razão e desconfiança. Sem provas, é só fé. Já vimos esse filme, por exemplo, na Alemanha nazista.
    
Na Universidade de Brasília, o professor de algoritmo e programação de computador, na Engenharia da Computação, ao encontrar a sala de aula tomada por meia dúzia de invasores, transferiu a aula para o lado de fora sob “os portais cobertos do Liceu, de Aristóteles”. Em plena aula com 25 alunos, o local foi invadido pelos mesmos ocupantes da sala, que arrancaram das tomadas os computadores da aula. Nada mais parecido com a Juventude Hitlerista de 1939. Os agressores alegaram que em democracia têm o direito de se manifestar. Não sabem que Democracia é a vontade da maioria que respeita a minoria; não a vontade da minoria que desrespeita a maioria.

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