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Dilma e o maracanã

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A Presidente deixou gravadas mensagens nas redes sociais e aproveitou o feriadão do Dia do Trabalho para ir a Porto Alegre, Acabou antecipando a volta. Na casa do ex-marido, teve que ouvir vaias da rua. No dia seguinte, sábado, diante do edifício em que tem apartamento, foram buzinaços e palavras-de-ordem por megafone. Se fizesse o tradicional pronunciamento no Dia do Trabalho, provocaria um panelaço nacional. No dia 1º, Lula participou de um evento da CUT em São Paulo, diante do cartaz “Abaixo Plano Levy”. O plano é do governo Dilma, para corrigir os desvios dos últimos quatro anos. Em outro evento do feriado, da Força Sindical, trocavam confidências o Presidente da Câmara, que é do partido aliado de Dilma, o PMDB, e o senador Aécio Neves, do PSDB. Ao lado, o Ministro do Trabalho de Dilma, Manuel Dias, do partido de Carlos Lupi, autor do diagnóstico de que o PT esgotou-se porque roubou demais. Lupi preside o PDT, anterior partido de Dilma. Não poucos deputados e senadores petistas criticaram a ausência de Dilma no 1º de Maio. O Presidente do Senado, também de partido aliado no governo, qualificou a ausência de “ridícula”. Agora, no programa do PT em horário obrigatório, Dilma não entrou. Queria o PT evitar panelaço ou queria Dilma se descolar do partido que já teve dois tesoureiros presos? Está difícil a relação. 

Não está fácil para a presidente administrar seu próprio legado. Os presidentes da Câmara e do Senado, citados em muitos indícios e suspeitas, vêem a chance de desviar as atenções de si para Dilma. O mesmo acontece com 40% dos congressistas, que têm contas a prestar com a Justiça. Nada como apontar o indicador para Dilma, e desviar os indicadores da Nação de si próprios. O mesmo parece acontecer com os eleitores de Dilma. Preferem se queixar do desemprego, dos juros, da inflação, do dólar, do endividamento, a assumir a responsabilidade pela reeleição. É raro alguém confessar que votou pela continuação do fraco governo. Guardam para si a zanga por terem sido enganados na sua ingenuidade e desinformação. Já o derrotado Aécio deve estar aliviado. Se ganhasse, teria hoje o PT implacável nos seus calcanhares e ainda uma terrível herança para administrar.

Mas tudo indica que o Congresso não haverá de impedi-la de continuar. Temer não vai querer se responsabilizar pelo legado, embora tenha sido vice-presidente no período anterior. Renan Calheiros e Eduardo Cunha não haverão de querer perder o esporte do “tiro à Dilma”.  Vai mantê-los sob os holofotes dos meios de informação. A CUT não quer ser responsabilizada pelo desemprego e queda do poder aquisitivo do trabalhador. O PT pensa que já sofre bastante com o Mensalão e a Lava-jato. Lula, obviamente, quer se preservar. O PSDB anda cauteloso e continua sem saber o que fazer, enquanto Bolsonaro e Caiado vão crescendo como oposição mais expressiva.

Mas não poderá Dilma se recuperar? Só se voltar o pleno emprego. Em depoimento Memória Viva do Regime Militar, do ex-ministro Ronaldo Costa Couto, Lula afirmou que General Médici seria eleito se houvesse eleição direta, porque era muito popular entre a classe trabalhadora, porque havia crescimento e pleno emprego. Médici entrava no Maracanã e era aplaudido por 150 mil pessoas, como aconteceu várias vezes. No Morumbi também. Será que ainda no seu mandato, Dilma poderá sonhar com discurso de 1º de Maio no Maracanã lotado? Afinal, Lula parecia acabado com o Mensalão mas se recuperou e ainda elegeu Dilma. 

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