Volto da Itália e, depois de três semanas de férias, percebo que na Sicília, onde passei as férias, tem menos máfia que no Brasil. A corrupção, os desvios, as falsidades continuam, a violência do dia-a-dia está cada vez mais selvagem. Prepara-se uma festa esportiva como se preparasse para uma guerra. A única diferença está nas pesquisas eleitorais. Dilma estaria reeleita em primeiro turno até início de abril; agora já se aponta segundo turno, em tendência cada vez mais forte. E não é por causa da oposição, mas pelos erros, enganos, escândalos, dentro do próprio governo.
As pesquisas permitem várias interpretações. Se Dilma está com 34% da amostragem(segundo Sensus/Isto É), pode-se deduzir que 66% não querem Dilma. Sob essa ótica, os outros candidatos estão em situação pior: a soma das intenções de votos para todos os outros não chega a 32%, mostrando que 68% dos eleitores não os querem. As pesquisas também mostram que um em cada três eleitores ou não sabe em quem votar, ou já decidiu votar em branco ou anular o voto. Esses, se não quiserem desperdiçar o direito do voto, terão que escolher dos males o menor.
Os políticos são o que têm as antenas mais sensíveis, e hoje dão indicações mais seguras que as próprias pesquisas. Integrantes do governo, começam a cair fora. O Senador Romero Jucá, PMDB, que foi líder no governo Lula, já está na oposição. O senador Eunício Oliveira, PMDB, que foi ministro de Lula, pretende abrir palanque para Aécio por falta de apoio à sua candidatura ao governo do Ceará. O PR do condenado Valdemar da Costa Neto, já tirou o retrato de Dilma da liderança da bancada. O dono do PSB, Gilberto Kassab, já negocia com o PSDB e liberou os diretórios estaduais para apoiarem quem for mais conveniente. O ex-ministtro de Dilma, Aguinaldo Ribeiro, do PP, já trabalha para que o partido feche com Aécio. Na Bahia, no Rio, em Minas, a situação está de vaca não reconhecer bezerro.
Embora as pesquisas indiquem que Dilma ainda é a favorita, políticos e partidos que estão no governo já começam a se prevenir sobre quem vai estar com a força da caneta das nomeações no ano que vem. Percebendo que começa a fazer água o navio que os fez navegar até agora nas benesses do poder, já estão preparando a sobrevivência. Procuram outro barco que os permita continuar flutuando. E não se diga que o navio de Dilma faz água por ter sido atingido por algum torpedo inimigo. Não; faz água porque a comandante atrapalha-se com o timão.