Os jornais do fim-de-semana proclamam o fim da crise econômica na Europa e a solidez do Euro. Nos Estados Unidos, se festeja a volta do crescimento econômico e, pouco a pouco, a recuperação do emprego. A notícia tem duas faces: a boa,porque estamos num mundo interdependente e a saúde das economias pode beneficiar o Brasil. Mas também há o lado ruim: os investidores preferem economias sólidas, ainda que ganhem menos juros do que nas economias de risco. Preferem países em que seus governos jamais mudarão regras, em que o peso dos impostos se traduz por excelentes serviços públicos, em que os sistemas de transporte – ferrovias, rodovias, aeroportos e portos – funcionam a baixo custo. E também preferem países em que há segurança nas ruas. Diante disso, ficamos mal.
Quem mais tem sofrido é a indústria e, em conseqüência, o emprego industrial, como constata o IBGE. E quem vem salvando a pátria é o agronegócio – demonizado pela vanguarda do atraso. A balança comercial só não está pior por causa das exportações do campo e das commodities de um modo geral. A construção civil ainda é sustentada por grandes obras, mas a edificação de moradias já não mostra progresso. Até mesmo os nossos super-ricos foram rebaixados, como Eike Batista. No ano passado, segundo a lista da Wealth-X, os brasileiros eram 4.640. Agora são 4.015. No Brasil, os super-ricos – que geram emprego e investimentos – perderam 13%, enquanto na média mundial os super-ricos ganharam 6,3%.
É um país que dificulta o investimento. O presidente mundial da Volvo disse, no Salão do Automóvel de Frankfurt, que é quase impossível entrar com carros no Brasil, por causa das restrições às importações e a quantidade e tamanho da burocracia e impostos. O país fechado pensa que se protege, mas se isola. Assim, a economia mundial reage e o Brasil não. E danem-se os brasileiros que desejarem possuir o carro mais seguro do planeta, no país do trânsito que mata 167 pessoas por dia, segundo o DPVAT e deixa diariamente 1.233 brasileiros inválidos.
Na sexta-feira 13, a presidente disse em Uberlândia que não basta o PIB crescer; que é preciso crescer para todos, com saúde e emprego. Mas o fato é que só haverá emprego se o PIB estiver saudável; e só haverá saúde para todos se o SUS funcionar como deveria, já que é um dever do estado. A declaração traz a impressão de que o governo recolheu a euforia de julho, quando anunciou que PIB e inflação estavam indicando o fim da marolinha. É verdade que o entusiasmo, não o consumo com endividamento, ajuda a crescer. Mas o entusiasmo tem que ter por base a confiança.