PUBLICIDADE

Eleitor que se dane

PUBLICIDADE

Mal foi escolhido um novo ministro e se desconfia que foi escolhido mal. A Folha de São Paulo noticia que o deputado Aguinaldo Ribeiro tem duas rádios em nome de laranjas e que omitiu ser dono de quatro empresas, em sua declaração de bens. E segundo o Correio Braziliense, entre 2006 e 2010, quando era deputado estadual, seu patrimônio aumentou 167%, com imóveis, gado e "três carros de luxo, inclusive um Frontier, de 127 mil". (Desculpem, se o Nissan Frontier é o destaque em "carros de luxo", então os coleguinhas não têm noção do que seja carro de luxo.) Enfim, a política sempre realiza milagres patrimoniais. Gente que não tinha aonde cair morto, em três mandatos vira milionária. 

Só quando o político é escolhido ministro é que os repórteres se interessam pela vida dele. E em geral, descobrem coisas assim. Mas será que o chefe de governo não teria condições de saber do que é desabonador antes de tomar uma decisão? Para que serve a ABIN – a Agência Brasileira de Informações? É um órgão auxiliar da Presidência da República. Não custa pedir a ficha do indigitado. Descobre-se se é beberrão, se frequenta cassinos no exterior, se tem amantes, se já foi processado ou condenado, se está inadimplente nos bancos ou se sempre antipatizou-se com o partido que está no governo. Era assim quando a ABIN se chamava SNI. O Presidente não corria o risco de nomear a pessoa errada.
A outra questão estranha é quando um membro do Legislativo, que não tem chefe, tem imunidade, tem poderes para fazer leis ou revogá-las e até para mudar a Constituição, decide abrir mão de tudo isso para ser um mero auxiliar do chefe do executivo, e se tornar um subordinado demissível. No caso, o deputado Aguinaldo chegou a abrir mão da liderança de seu partido, mostrando a desimportância do cargo. Aberração maior é o deputado desprezar a vontade de 86.400 eleitores da Paraíba, que lhe deram um mandato para agir em nome deles. Hoje são três senadores e dez deputados federais que servem de auxiliares da presidente, abandonando seus mandantes. Trocaram milhões de eleitores por uma única mandante, a chefe de outro poder.

– Você é um ingênuo. Isso é costume brasileiro – me dirá o leitor. Eu apenas estou mostrando a aberração, embora saiba a razão dela. O parlamentar aceita o cargo de bom grado porque vai administrar um gordo orçamento ministerial, vai ter o poder da caneta, vai poder nomear parentes e decidir prioridades nas aplicações do orçamento, e com isso, vai fortalecer o partido para a próxima eleição. Só que isso não se chama serviço público; é a privatização do estado e do dinheiro público. Por isso que falta para a educação, a saúde, a segurança… O Legislativo é depreciado e o sistema político brasileiro fica cada vez mais fisiológico. E o eleitor que se dane.

PUBLICIDADE
PUBLICIDADE
PUBLICIDADE
PUBLICIDADE
PUBLICIDADE

Mais notícias
Relacionadas

País de surpresas

No Brasil os acontecimentos conseguem andar mais rápido que...

Na nossa cara

Quem chegou ao Brasil pelo aeroporto de Guarulhos na...

Segurança federal ?

O Presidente Lula talvez tenha querido desviar as atenções...

Lições municipais

Consolidou-se no segundo turno a força do centro-direita que...
PUBLICIDADE