A enfermeira do Hospital de Base de Brasília, Joana Fernandes, descobriu há dois meses que tem o mesmo câncer que acometeu a presidente eleita. Na semana passada, no mesmo dia em que Dilma fazia uma revisãp clínica no Hospital Sírio Libanês, em São Paulo, Joana se desesperava em Brasília porque a farmácia pública não tinha o rituximabe, que faz parte da quimioterapia, para controlar o linfoma e mostrava laudo m[edico afirmando que a falta do medicamento podr causar a progressão da doença,. "O meu tipo de câncer é o mesmo que o da Dilma. Ela está muito bem porque teve um tratamento de primeira qualidade. Eu, que sou uma trabalhadora da Saúde, não tenho nenhum tratamento"- queixou-se ela pela TV Globo de Brasília.
As autoridades não devem ficar sujeitas ao nível de tratamento de Joana; Joana é que tem direito ao tratamento destinado às autoridades. É preciso nivelar a saúde por cima. O tratamento que o Sírio-Libanês proporciona ao vice-presidente José Alencar tem que ser de igual qualidade para todos os brasileiros que precisarem de hospitais públicos. Afinal, a Constituição estabelece que a saúde é um direito de todos – e um dever do estado.
Nos hospitais públicos e postos de saúde, com raras exceções, o que se vê é a falta de meios para tratar quem precisa. Faltam exames de laboratório – não há reagentes, aparelhos estão enguiçados, ou falta até o papel para imprimir o exame. Faltam insumos mais primários para os médicos: macas, luvas, gaze, sondas. Próteses custam caríssimo e enferrujam dentro do paciente. Hospitais têm goteiras, bactérias, fungos, vazamentos de esgoto, promiscuidade. Médicos e enfermeiras se desdobram, mas são insuficientes.
A prevenção têm sido um desastre, como mostra o crescimento de 90% de casos de dengue em um ano. Doenças antigas e tratáveis, como tuberculose, mal de chagas, malária, continuam a tirar tempo de vida dos brasileiros. Doenças que aparecem por falta de saneamento, falta de educação com noções básicas de higiene. O País está de portas abertas para a doença. Num mundo que se moderniza no aperfeiçoamento da na saúde pública, aqui no Brasil fica tudo no discurso nos projetos e com pouco resultado.