Quando eu cheguei a Brasília, em 1976, Steve Jobs estava começando a Aple num garagem de fundo de quintal. Agora ele tem a segunda marca mais valiosa do planeta, atrás apenas da Exxon. Há uns 10 anos, ele e seu Mac estavam à beira da falência. Hoje, é o maior varejista de música e filmes do mundo, baixados em seus Ipod, Iphone e Ipad. Milhões estão fazendo o que fiz há um ano: saindo dos micro e entrando nos Mac. Steve Jobs nunca foi atrás de apoio de governos. Ele é o exemplo das mudanças cada vez mais vertiginosas neste mundo. A indústria automobilística já está de olho, porque vai passar por esse transe, com o carro elétrico, de energia barata, sem emissões, praticamente sem barulho, ambientalmente amigável. A Tesla, da Califórnia, já anunciou para 2012 um sedã elétrico com autonomia para uma distância maior que a do Rio a São Paulo, quer dizer, uma autonomia superior a um tanque de gasolina. E basta ligar na tomada. Deixar à noite na tomada da garagem e andar o dia inteiro. O sucesso do carro elétrico será a ruína de muitos, principalmente os despreparados. Há 30 anos, Joelmir Betting, ao falar do novo mundo globalizado, profetizou que o sucesso não será dos maiores, mas dos que chegarem primeiro.
Aí eu fico temeroso quando ao futuro do nosso etanol, do nosso biodiesel e do nosso pré-sal. País que não incentiva a pesquisa científica e tecnológica, ao contrário, a tranca com burocracia, acaba pagando o altíssimo preço de atravancar também seu próprio futuro. O álcool, embora tenha menos emissões que os combustíveis derivados de petróleo, não é de todo amigo da natureza porque ocupa grandes áreas de produção de alimento e se não erradicar as queimadas da cana, também agride o meio ambiente. Fumaça de queimadas em canaviais tem chegado ao céu da capital de São Paulo e a fuligem tem entrado nas residências dos paulistanos.
O biodiesel sozinho, o B100 é uma excelente solução. Misturado com o diesel do petróleo, pode ter o mesmo futuro na substituição pela eletricidade. 70% do petróleo do planeta são usados para explodir nos cilindros dos motores a combustão dos veículos de transporte, na terra, na água ou no ar(aqui, em geral queimam nas turbinas em forma de querosene). Nosso petróleo do pré-sal só começará a ser retirado em cinco anos, calculam os entendidos. Como estará, até lá, o carro a eletricidade? Com a multiplicação de veículos elétricos, como ficará o preço do petróleo? Sabe-se que nosso pré-sal só é econômico com um alto preço do petróleo, porque é caríssima a sua retirada das profundezas.
Com o mundo querendo fontes mais limpas de energia, o carro elétrico é o ideal. Hidrelétricas, usinas eólicas e nucleares serão valorizadas, para produzir eletricidade. (Angra 3 acaba de ter licença ambiental e começa a ser construída.) O petróleo vai ficar ainda mais perto do seu primo mais sujo, o carvão, na desconfiança do ambientalmente correto. O que temos feito para acompanhar o pelotão da frente na corrida do carro elétrico? Talvez universidades pesquisem, mas não há legislação que facilite a ciência e tecnologia neste país. Ficamos satisfeitos com nosso destino de chegar depois, com atraso, e pegamos apenas o resto das oportunidades. O que para nós ainda é futuro, para os mais rápidos já é passado.