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Afronta e descortesia

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Nossa política externa acaba de dar mais um vexame: o Brasil cortou da agenda da visita do presidente Lula a Israel o ato de depositar flores no monumento a Theodor Herzl, o fundador do movimento de criação de um estado judeu, que suscitou um moderno êxodo de volta à Terra Prometida. Na retórica, Lula diz que leva "o vírus da paz" mas na prática, discrimina. A homenagem teria um significado especial, porque foi o brasileiro Oswaldo Aranha que presidiu a histórica sessão da ONU que criou o Estado de Israel, realizando a meta de Herzl. Tanto que o martelo usado pelo brasileiro está na mesa no presidente do parlamento israelense e marcou a abertura da sessão especial em homenagem ao presidente Lula. Que ironia amarga para o Brasil! A alegação do governo brasileiro foi infantil: "falta de tempo" numa programação que tem cada minuto agendado. Uma diplomata israelense tentou minimizar a descortesia brasileira dando uma explicação que ficou irônica: "talvez o presidente Lula tenha cancelado por não saber quem é Theodor Herzl" que é nome de ruas no Rio e São Paulo, de condomínio, de escolas, no Brasil.

                Na semana passada, foi outro fiasco: só o presidente Lula e seu companheiro Chávez, dos sul-americanos, não foram à posse do presidente do Chile. Lá estavam os presidentes Evo Morales e Alan Garcia, mesmo a Bolívia e o Peru tendo reinvindicações territorias com o Chile; a presidente Cristina Kirchner, da vizinha Argentina, de que o Chile sempre desconfia; presidentes de países que nem vizinhos são, como do Uruguai, Equador e Colômbia. Mas o presidente Lula não foi. Teria sido aconselhado a não prestigiar um presidente "de direita"? Sabe Lula o que é direita e esquerda no moderno e civilizado Chile? Mas o  do Uruguai, Pepe Mujica, ex-tupamaro, estava lá, assim como Evo da Bolívia e Correa do Equador "todos bem à esquerda. Ausente num momento em que o país amigo sofre de terremotos; ausente num momento de prestar solidariedade. Quanta descortesia para um país que tem tão boas relações econômicas com o Brasil, e cujo povo os brasileiros tanto admiram!

                Também na semana passada, o Parlamento Europeu condenou, por unanimidade de votos, a ditadura cubana, pela morte do operário Orlando Zapata, ocorrida horas antes da chegada do presidente Lula a Havana. Lula culpou o morto pela greve de fome e, mais tarde, comparou os dissidentes cubanos com bandidos paulistas quando se sabe que bandidos no Brasil são tratados com menos severidade e mais direitos que os cubanos presos por emprestar um livro proibido, ou por pedir eleições democráticas ou escrever em jornais estrangeiros. Perguntado sobre a greve de fome do jornalista e psicólogo Guillermo Fariñas, nosso ministro de Relações Exteriores repetiu o chavão da propaganda cubana, argumentando que se acabar o embargo econômico americano, acabam as greves de fome. Ora, o ministro sabe que a greve é contra a ditadura, não contra o embargo; e sabe também que Cuba hoje se sustenta com os dólares americanos enviados da Flórida pelos exilados ante o fracasso de 51 anos de ditadura castrista.

                Por que será que no fim de seu governo o presidente Lula está jogando fora o prestígio internacional que tinha? Meteu-se até o pescoço na defesa do aprendiz hondurenho de Chávez, deposto pela Suprema Corte e pelo Congresso; faz a defesa de Ahmadinejad, que quer bomba atômica para "varrer Israel do mapa", que prende e condena à morte opositores;  o Brasil reconheceu imediatamente o resultado da eleição  iraniana manchada de fraudes. Com tudo isso, provoca perplexidades nas democracias que esperavam muito dele. Às vezes parece que o ibope interno subiu-lhe à cabeça, e, achando que tudo pode, resolveu rebelar-se e  afrontar países e governos. Mas nisso não tem sequer a originalidade – fica parecendo apenas um imitador de Chavez.

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