Caros irmãos e irmãs, profissionais da saúde e incansáveis servidores da vida!
Estamos na iminência de celebrarmos, mais uma vez, o singular evento da Semana Santa. Trata-se de uma semana especial por condensar-se nela a centralidade da vida cristã.
Não dá para permanecer indiferente diante do martírio do Filho de Deus. Somos, de alguma forma convidados a mergulhar na atmosfera do silêncio, da fragilidade humana, da dor e da infame traição. São dias pungentes, dramáticos e de angústia para Jesus de Nazaré.
Estamos imersos no contexto do profundo e obscuro mar de sofrimento causado pelo flagelo da pandemia. Tempo de desolação, de luto e de lágrimas em profusão.
Para além do nefasto vírus do negacionismo infantil, da sabotagem criminosa, da mentira como modus operandi, do deboche da dor do outro e do desprezo às conquistas da ciência, queremos oferecer, enquanto Igreja, uma palavra de gratidão, de reconhecimento e de alento ao extraordinário trabalho que prestam às pessoas que travam verdadeiro duelo entre a vida e a morte. “A vida não é de se brincar porque em pleno dia a gente morre” (Clarice Lispector).
Certamente, caros médicos/as, enfermeiros/as e demais profissionais da saúde de Sinop e Mato Grosso, ao lidarem com os efeitos devastadores da pandemia, experimentam como Jesus, – entre lágrimas, sensação difusa e confusa de impotência, limitações pessoais e da própria medicina -, o abismo intransponível da fragilidade humana. Vivem pelejando na certeza que “tudo aquilo que não me mata, me fortalece” (Nietzsche).
O evangelista Mateus, diante da atividade frenética e intensa de Jesus, escreveu: “O Filho do Homem não tem onde repousar a cabeça” (cf. Mt 8,20). Indubitavelmente, diante da gravidade inimaginável e do espantoso vulto da Pandemia, como também das tantas demandas que se multiplicam, vocês estão esgotados e exauridos. A oração é o oxigênio da alma. Com esperança e amor no coração, estão combatendo diuturnamente o bom combate da vida ameaçada.
Como manter-se de pé para erguer quem está no vértice do “vale das lágrimas”? Reporto-me, aqui, às divinas palavras de Jesus: “Vinde a mim, todos os que estais oprimidos sob o peso do vosso fardo, e eu darei descanso” (cf. Mt 11,28). Estamos nas mãos de Deus.
Portanto, rezo e torço para que Deus os ilumine e os fortaleça sempre mais. Aliviando a dor e o peso da cruz de tantas pessoas que clamam por cuidados e tratamento médico, vocês estão cuidando do corpo do próprio Cristo que padece. Continuem firmes e irredutíveis na luta em favor da vida!
O saudoso Dom Helder Câmara costumava dizer que “há criaturas que são como a cana: mesmo postas na moenda, esmagadas de todo, reduzidas a bagaço, só sabem dar doçura” (Dom Helder Câmara). Certamente, vocês nunca foram tão importantes e indispensáveis. Obrigado, por tudo o que fazem!
Ao explicitar o desejo de Deus, o evangelho é claro e solar: “Eu vim para que todos tenham vida e a tenham em abundância” (cf. Jo 10,10). Viva a vida! Viva a medicina! Viva a ciência! E um viva especial aos valorosos e incansáveis profissionais da saúde! Deus seja louvado.