O Sindicato das Indústrias Madeireiras do Norte do Estado completará 37 anos de fundação no próximo domingo e se consolida na história de Sinop e no setor de base florestal do Estado de Mato Grosso, através das suas lutas e conquistas. Atualmente, o Sindusmad é composto por quatro colaboradores na equipe técnica, 34 diretores e possui 157 empresas associadas, e representa o setor de base florestal em Sinop em mais 28 municípios. O atual presidente Wilson Wolkweis prevê um futuro promissor do segmento através de tecnologia, qualificação profissional e projetos de manejo florestal sustentável. “É preciso buscar melhoramento através de novas tecnologias, e procurar cada vez mais expandir esse mercado tanto interno quanto externo; buscar qualificar a mão de obra e principalmente, promover o projeto de manejo sustentável que é a base do nosso segmento, se não tivermos matéria-prima não tem como trabalhar”, explicou.
A pandemia do Coronavírus trouxe insegurança para o país, e o setor também esteve preocupado com uma crise econômica. No entanto, através de medidas de prevenção e biossegurança, as empresas associadas ao Sindusmad continuaram em funcionamento. “Estamos fazendo nosso dever de casa. Enquanto não houver uma vacinação e ter uma garantia de imunidade para toda a sociedade, nós vamos fazer nossa campanha de combate a pandemia. Temos feito um trabalho muito bom e sério com a doação de máscara, treinamentos e conscientização através de palestras com profissionais da saúde”, reforçou.
Um projeto que há anos está no papel pelo poder público e que a atual diretoria do Sindusmad tem reivindicado é a construção do Distrito Industrial Madeireiro de Sinop. “Precisamos com urgência tirar as indústrias de dentro da cidade, este é um projeto que precisa acontecer porque a cidade nos abraçou. A indústria tem que ter o lugar dela, com um espaço físico adequado para acolher todos os empresários, que tenha logística para deslocamento devido o quadro de funcionários e estradas de acesso para entrada de matéria-prima e saída dos produtos beneficiados”, explicou.
O maior objetivo da atual diretoria, segundo Wolkweis é seguir o exemplo dos ex-presidentes e diretores que não mediram esforços e dedicação para buscar recursos e melhorar o segmento. “A marca que eu gostaria de deixar na minha gestão como presidente, com esta diretoria maravilhosa e uma equipe técnica competente é reforçar o fortalecimento entre os associados. Essa turma unida trabalha pelo coletivo e isso é fundamental para uma instituição. O que faziam no passado vamos continuar fazendo”, garantiu.
De acordo com a assessoria, em quase quatro décadas de existência, muitas dificuldades existiram como a logística de ir a Cuiabá, as operações deflagradas pelos órgãos federais e, atualmente, enfrenta à pandemia de Covid-19. Entretanto, os avanços no setor de base florestal e as conquistas para o município, confirmam o que o filósofo alemão Friedrich Nietzsche disse: ‘Aquilo que não me mata, só me fortalece’. E a palavra ‘fortalecimento’ foi usada unanimemente pelos ex-presidentes e o atual, entrevistados para contar a história desta importante entidade.
Tudo começou em 1984, quando a maioria dos integrantes da Associação dos Madeireiros do Interior Mato-grossense, bem como seu presidente, Valdemar Antoniolli, viram a necessidade de transformar a associação em sindicato e se filiar a Federação das Indústrias no Estado de Mato Grosso a fim de aumentar a representatividade e receber recursos do sistema indústria. Em contato com o presidente da federação Otacílio Borges Canavarro, foi explicado os requisitos necessários e, neste momento, surgiu a “Associação Profissional Das Indústrias, de Serrarias, Carpintarias, Tanoarias, Madeiras Compensadas e Laminadas, Aglomeradas e Chapas de Fibra de Madeira”, recebendo do Ministério do Trabalho a carta sindical assinada por Almir Pazzianotto Pinto.
Dois anos depois, a Associação Profissional seria transformada em Sindicato das Indústrias Madeireiras. Valdemar Antonioli, contou aos risos afirmando que “é o mesmo sindicato, mas mudou a sigla ficou mais reduzida”. E assim surgiu o Sindusmad.
Ele descreveu que na época, entre os obstáculos do sindicato, estavam a falta de um sistema de comunicação e a logística de transporte porque tudo precisava ser resolvido em Cuiabá. E, pelo menos uma vez por mês, fazia essa viagem. “Nosso maior problema era o Estado que tinha umas pautas de madeira muito acima, e tínhamos que negociar com o secretário de fazenda ou com o governador. Ninguém quer que a madeira saia de graça, mas também não pode ser exigido uma pauta acima do mercado porque não tem como pagar um imposto acima do que recebe. Brigamos bastante por isso e conseguimos as reduções e índices mais acessíveis para o setor madeireiro”.
Desde quando chegou no município sempre idealizou o futuro da região. “O povo chamava a gente de sapolândia, mas eu dizia: vocês vão ver, nós estamos geograficamente e economicamente bem localizados e foi o que aconteceu. Hoje é o centro do Nortão, tudo converge para Sinop”. Tanto que na sua gestão inaugurou uma unidade padrão do SESI e solicitou ao presidente do FIEMT, a instalação de uma unidade do Serviço Nacional da Indústria.
Com relação ao Sindusmad, o objetivo era desenvolver políticas voltadas à indústria madeireira, principal economia de Sinop na época, e isso foi conquistado através da aliança entre os associados, diretoria engajada e o fortalecimento do setor. “Cada vez que eu falo do Sindusmad até me emociono porque eu vejo muito madeireiro que criticava, não era sócio e hoje, faz parte da diretoria, isso é avanço. O Sindicato tem acesso a todos os órgãos do governo, eu vejo que o setor produtivo da indústria madeireira não tem outro caminho se não for pelo Sindusmad. Aqui é a casa do madeireiro”, enfatizou.
Nereu Luís Pasini, o quarto presidente do Sindusmad, relatou que na sua gestão de 1998-2001, o setor madeireiro era a mola mestre da região norte. Em Sinop, por exemplo, o setor madeireiro arrecadava 55% do ICMS local. Isso proporcionou que novos investimentos e obras fossem realizadas no município. Uma delas foi a construção do Corpo de Bombeiros. “No mandato do Gaspar Zambiazi, o Sindusmad fez um convênio para construir o Corpo de Bombeiro e na minha gestão terminei essa unidade, além disso, compramos caminhão, camionete, equipamentos e ambulância”.
Uma das grandes reivindicações no seu mandato foi a isenção da Taxa de Serviços Estaduais, sendo necessário entrar com uma ação contra o governo do Estado de modo a garantir melhorias para o setor. “Havia a cobrança de uma taxa de serviços e muitas vezes um caminhão fazia 10 ou 20 entregas e tinha que pagar um valor exorbitante. Nós tivemos ganho de causa e os associados passaram a não pagar mais o imposto. Isso fez com que aumentasse bastante o número de filiados. Cobramos até joia para aceitar a filiação. Coisa que nunca aconteceu, explicou.
A isenção da taxa, o elevado número de associados e a inauguração do Corpo de Bombeiro foram os destaques da gestão de Nereu Pasini, mas o ex-presidente considera a união e a amizade entre os associados como o diferencial do Sindusmad. “Existia entre os associados um fortalecimento. As reuniões eram muito concorridas e ninguém tinha vontade de terminar porque a amizade e o companheirismo do setor eram muito fortes. A união dos madeireiros foi uma grande conquista do nosso mandato”, garantiu.
Com o crescimento do Sindusmad uma grande conquista foi alcançada. Por ser o primeiro sindicato em arrecadação do sistema FIEMT, o Sindusmad e outros sindicatos do setor florestal se organizaram e criaram o Centro das Indústrias Produtoras e Exportadoras de Madeira do Estado de Mato Grosso (Cipem). “Nesses 37 anos, o Sindusmad ficou muito importante, além-fronteiras. O trabalho que se desenvolveu, levou o nome dos madeireiros de Sinop e de toda a região. Hoje tem que continuar defendendo os interesses do setor”, desejou Nereu.
O mais novo presidente do Sindusmad e com perfil técnico, enfrentou uma das piores crises no setor florestal. Em sua gestão de 2004 e 2007, Jaldes Langer, tinha outros planos para seu mandato, mas acredita que foi o momento certo para estar à frente da instituição. “Sou formado em engenharia florestal e nesta época tinha uma pessoa técnica para conduzir toda a transferência de atribuições do Ibama para a Sema, além de conduzir as operações e as regulamentações do setor. Era necessário ter disposição e disponibilidade para viajar a Cuiabá e fazer interface com os órgãos federais e estaduais. Era o meu momento de fazer as coisas que tinham que ser feitas principalmente para fortalecer o setor”, enfatiza.
Para ele, o fortalecimento é o maior legado que o próprio sindicato fez de si mesmo. A casa sempre esteve aberta às questões políticas e sempre soube ouvir as entidades políticas, mas principalmente seu associado. “Eu vejo os presidentes que me sucederam como adquiriu o respeito perante a sociedade e com os órgãos públicos. O que alavancou para chegar onde estamos hoje, é definida pela palavra ‘amadurecimento’. O futuro foi planejado lá atrás. O setor sempre foi estratégico para tentar sobreviver. Nós nunca conseguimos alavancar nada pelo amor, sempre pela dor. Pelo excesso de regulamentações, excesso de leis, operações. O sindicato está de parabéns pela maturidade nesta idade e pelas estratégias que impulsionaram a criação de outros órgãos e a colaboração com outros”.
As informações são da assessoria do Sindusmad.