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Mais um março bateu às nossas portas

Xênia Artmann Guerra é advogada inscrita na Subseção de Sinop, vice-presidente da Caixa de Assistência dos Advogados de Mato Grosso (CAA-MT)
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Depois de tantos marços vividos, me vi ansiosa no último dia de fevereiro em razão da chegada de um Mês das Mulheres atípico. Há quase uma década participo ativamente de um calendário intenso nas atividades da OAB-MT, vi muitos projetos serem um sucesso e outros tantos não atingirem seus objetivos, mas sempre busquei contribuir com as advogadas de Mato Grosso. Nesse mês de março não vou poder olhar no olho, abraçar e dizer pessoalmente o quão importante cada uma das envolvidas no processo é para a advocacia feminina.

Em meio à pandemia, de acordo com inúmeros estudos divulgados pela ONU Mulher e outras organizações voltadas ao estudo de gênero, a mulher tende a ser mais afetada pelo cenário mundial. Está mais propensa a sofrer violência, perdeu o emprego por reflexos da crise financeira, está mais exposta à contaminação por representar 70% dos profissionais da área de saúde e, se em outros anos o trivial no março era falar do acúmulo de tarefas, neste março os discursos vão tratar da interposição delas.

Sim, em home office e com aulas suspensas, só o que ainda não conseguimos foi desenvolver um botão “desligar” para as demandas dos filhos e companheiros enquanto trabalhamos de forma remota. Se antes trabalhávamos de dia e cuidávamos da casa e dos filhos à noite, agora fazemos tudo ao mesmo tempo, o que obviamente prejudica nossa produtividade.

O panorama neste março, nem de longe poderia ser positivo, já que por não ocuparmos na mesma proporção os espaços de poder, as mulheres estão mais suscetíveis a adoecer física e emocionalmente, além de estarem limitadas em suas contribuições decisivas para mudar esse cenário.

Mas, apesar de vivermos o período mais tormentoso da história recente da humanidade, fomos forçadas a enxergar o todo e, como parte da engrenagem da máquina que movimenta a sociedade, temos sido chamadas a reconhecer que a diversidade nos espaços de decisão é o atalho no caminho para o desenvolvimento humano, social e econômico.

Apesar das mulheres representarem apenas 25% dos parlamentos do mundo e ocuparem apenas 20 dos 153 cargos de chefes de estado, os países liderados por mulheres se destacaram na gestão e combate à pandemia. É o caso da Alemanha, Nova Zelândia, Taiwan, Noruega e Islândia, liderados por chefes de estado mulheres que deram exemplo de gestão, estratégia e política.

Em um cenário de evolução histórica, a existência e o reconhecimento da importância das habilidades comportamentais das mulheres que ocupam os espaços de poder é uma conquista sem precedentes.

Fomos, enquanto sociedade, forjados nas crenças limitantes de que a mulher é o sexo frágil, que são suas as responsabilidades primárias com a casa, a prole e agora, em meio à pandemia, estamos aprendendo que somos melhores juntos, que a diversidade de pontos de vista e experiências é fundamental para o acerto na tomada de decisão.

Se em outros anos tivemos que travar brigas ferrenhas até normalizar o uso adequado dos artigos de gênero, dispor de muito fosfato até evoluir do chá para o empoderamento e mostrar musculatura política para ter direito à paridade, neste ano tão atípico podemos assimilar os abismos. Devemos nos inspirar nas líderes mundiais e, mais do que nunca, demonstrar que as habilidades comportamentais comuns à maior parte das mulheres não são um sinal de fraqueza, mas um conjunto de qualidades valiosas para os espaços de liderança.

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