O procurador-geral de Justiça do Ministério Público, José Antônio Borges, reforçou que a decisão tomada pelo Governo de Mato Grosso de substituir a execução das obras do Veículo Leve Sobre Trilhos (VLT) pela implantação do Ônibus de Trânsito Rápido (BRT), movidos a eletricidade, foi técnica e possui aval da Assembleia Legislativa. A afirmação foi feira durante audiência pública realizada pela Assembleia, ontem, para debater a troca do modal. Ele criticou o que chamou de “debate irracional” sobre o assunto e garantiu que o MP irá fiscalizar as questões técnicas para a implantação do BRT em Cuiabá e Várzea Grande.
“O atual governo, depois de 9 anos, faz um estudo técnico e diz que essa [BRT] é a melhor opção. Porque o governante, apesar do mandato, ele não tem o direito de escalar aquilo que sai da sua cabeça, tem que ser a partir de estudos técnicos. E como a gente tem que respeitar cientistas, nesse momento de Covid, nós temos que respeitar os engenheiros, os advogados, os profissionais e, principalmente, aqueles que são de carreira. Pelo que me parece, o governador trouxe esta tese. E os senhores deputados, já que a obra apesar de ser de mobilidade urbana ela é estadual, os senhores já autorizaram a mudança do modal. O que nós temos agora é uma questão judicial, onde a Prefeitura de Cuiabá está insurgindo e, até o momento, vem perdendo judicialmente isso”, frisou o procurador-geral
O procurador ainda destacou que “o Ministério Público, através de seus promotores, nós vamos trabalhar com as questões técnicas e com respeito à decisão política do governador – avalizada pelos deputados nesse momento”. Ele ainda questionou a continuidade da discussão “apenas por questões políticas”. De acordo com o estudo técnico elaborado pelo Governo de Mato Grosso e pelo Grupo Técnico criado na Secretaria Nacional de Mobilidade Urbana, para a conclusão do BRT são necessários 24 meses e R$ 430 milhões, já para o VLT, o custo seria de R$ 763 milhões e 48 meses para ser finalizado.
Os relatórios concluíram ainda que o BRT terá mais vantagens à mobilidade da população cuiabana e várzea-grandense em razão da flexibilidade do modal, “pois consegue atingir regiões mais adensadas e mais distantes, bem como permite o seu prolongamento no futuro”.
Outro ponto destacado pela comissão foi o valor da tarifa do VLT, que ficou orçada em R$ 5,28, montante muito superior ao do transporte coletivo praticado na Baixada Cuiabana, que é de R$ 4,10.
Já na hipótese de instalação do BRT, a tarifa ficaria na faixa de R$ 3,04, “impactando decisivamente no custo operacional do transporte coletivo de Cuiabá e Várzea Grande”.“É importante que isso seja enfrentado, é importante o debate, mas o que a população quer efetivamente é que tenhamos o transporte. O princípio da discricionariedade do administrador não é o que ele quer em sua cabeça, mas aquilo que é melhor e mais eficaz para a sociedade. Desejo que o governador, assim como nosso prefeito reeleito, cumpra o seu papel e suas promessas. A eleição acabou, vamos todos juntos – todos os Poderes – trabalhar pelo bem da população. Daqui a dois anos podemos discutir novas propostas, mas já há um esgotamento da população, porque ficar nessa discussão muitas vezes irracional, que não leva a nada”, pontuou Borges.