Cerca de 12,5% da população mato-grossense já foi infectada pelo coronavírus. O apontamento é feito com base na pesquisa soro epidemiológica realizada em dez cidades de Mato Grosso, entre setembro e outubro de 2020.
O projeto é coordenado pela professora Ana Claudia Pereira Terças Prettel, da Universidade do Estado de Mato Grosso e financiado pela Secretaria Estadual de Saúde (SES-MT). Também participam do projeto pesquisadores da UFMT, do Laboratório Central do Estado (Lacem) e contou com a parceira das Secretarias Municipais de Saúde e diversos acadêmicos voluntários.
A prevalência de anticorpos no conjunto dos municípios avaliados foi de 12,5%, variando de 7,4% a 24,3% entre as cidades. O município de Várzea Grande apresentou a maior prevalência com 24,3%, seguido de Cuiabá (17,5%), Sinop (13,6%), Barra do Garças (12,9%), Cáceres (12,8%), Juína (10,4%), Tangará da Serra (9,7%), Água Boa (8,7%), Rondonópolis (8,6%) e Alta Floresta (7%).
“É importante reforçar que essas porcentagens competem aos meses de setembro e outubro e que, muito provavelmente, a prevalência nessas cidades já é maior. Mapear a infecção pela Covid-19 em Mato Grosso é fundamental para entendermos o comportamento do vírus no estado e basearmos as ações administrativas neste cenário”, disse o epidemiologista e secretário adjunto de Vigilância e Atenção à Saúde da SES, Juliano Melo.
Considerando a soro prevalência estimada pela amostra e a população de 20 anos ou mais para o estado de Mato Grosso – de aproximadamente 2,3 milhões habitantes –, o número de pessoas já infectadas é de cerca de 299.563 cidadãos. Contudo, a área técnica esclarece que a generalização dos resultados deve ser feita com cautela, considerando que o delineamento da amostra não incluiu municípios com população menor que 25 mil habitantes e residentes na área rural.
“A prevalência, quando maior do que 10%, já representa um volume grande de transmissão ativa. Significa que um considerável número de pessoas circula em estágios diferentes da infecção e que, por outro lado, ainda existe um grande número de pessoas suscetíveis à infecção. A pesquisa possibilita uma clareza maior para a tomada de decisões relacionadas à gestão da pandemia e auxilia na elaboração de soluções”, acrescentou Juliano.
A moderada prevalência de pessoas infectadas no estado significa que ainda existe uma grande quantidade de indivíduos em risco de adquirir a doença enquanto não estiverem disponíveis vacinas efetivas, sendo importante a manutenção das ações de prevenção.
Por meio da pesquisa soro epidemiológica, também é possível analisar a expansão da Covid-19 em Mato Grosso e a prevalência por município, sexo e faixa-etária.
Esse relatório apresenta os dados iniciais da pesquisa, segundo a professora Ana Claudia, da Unemat. Segundo ela, os demais pesquisadores como Ana Paula Moraro (UFMT) e Elaine Cristina Oliveira (Lacem) ainda estão tabulando e descrevendo novas informações.
A metodologia utilizada na pesquisa foi a estratégia quantitativa e transversal. O exame foi feito por meio de teste de sangue e as análises realizadas exclusivamente pelo o Laboratório Central do Estado (Lacen). O setor censitário testado foi decidido por sorteio, bem como a casa e o morador do domicílio; já as coletas foram realizadas por agentes de saúde, por meio das secretarias dos municípios.
No total, ocorreram 4.306 (95% da amostra inicial) entrevistas com coleta de amostra de sangue. Durante a fase das coletas, 656 trabalhadores da saúde e estudantes voluntários realizaram as entrevistas e coleta de sangue nas cidades selecionadas.
Os entrevistadores realizaram teste PCR antes de estarem em campo e teste sorológico ao final da coleta de dados, visando assim monitorar a saúde de toda a equipe envolvida e garantir a segurança aos profissionais e da população que foi visitada em domicílio.