Membros do Grupo de Observadores de Aves de Sinop flagraram, na última semana, um gavião-real (Harpia), considerada a águia mais forte do planeta e a maior ave de rapina do Brasil, em uma região de mata. É uma fêmea e foi registrada pelos integrantes. De acordo com o membro do grupo, Valdir Hobus o registro é importante, já que o estado de conservação da ave é considerado vulnerável.
“Não temos muitas, até porque ela precisa de uma área muito grande de caça, e percebemos que com a fragmentação das matas a tendência é que vai ter que ir mais longe e nesse caminho muitas vezes acaba encontrando pessoas que a matam. É uma ave rara, difícil de avistar, é tímida, de floresta, não é como as de rapina comuns, que se vê na cidade”, explicou, Hobus, ao Só Notícias.
A Harpia mede entre 90 e 105 centímetros, com uma envergadura de asa de mais de 200 centímetros. As fêmeas costumam ser maiores, com peso variando entre 7 e 9 quilos, enquanto o macho de 4 a 5. Costuma habitar florestas primárias densas e florestas de galeria, se alimentando de animais como preguiça, filhotes de veados, tatus, dentre outros. É cada vez mais ameaçada de extinção, fato que está associado à destruição de grandes áreas florestais.
“É importante que quem encontrar ninhos evite a divulgação de localização, porque têm pessoas caçando como prêmio. É uma pena que tenham essa visão”. “Além disso, um dos problemas quando o pessoal mata uma Harpia, é que se ela tiver com filhotes, ele não se desenvolve, mesmo que já esteja numa fase jovem, porque um jovem imaturo, demora de 4 a 5 anos para chegar na fase adulta e se tornar totalmente independente”, acrescentou.
Outro fator relacionado ao crescimento populacional lento da Harpia é o período de reprodução. A ave põe em média dois ovos, entre setembro e novembro, com período de incubação de 52 dias. Destes, geralmente, apenas um filhote sobrevive, podendo ocorrer cainismo (quando um filhote mata o outro). O filhote demora cerca de 5 meses para dar os primeiros voos e de 2 a 3 anos para se tornar adulto.
Recentemente, trabalho realizado por uma empresa multinacional em parceria com entidades e a ONF Brasil, ligada a uma estatal francesa, identificou 35 ninhos de Harpia, distribuídos em Juína, Juara, Aripuanã, Colniza, Cotriguaçu, Nova Bandeirantes, Paranaíta, Sinop e Colíder.