O governador de Mato Grosso, Mauro Mendes (DEM), disse que o Estado deverá comprar a vacina contra o novo Coronavírus, que está em fase final de testes por vários laboratórios, somente se o Governo Federal não efetuar a compra, que é de sua responsabilidade, e repassar para os estados. A despeito de toda polêmica envolvendo o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) e o governador de São Paulo, João Dória (PSDB), o gestor mato-grossense preferiu acreditar no ministro da Saúde, Eduardo Pazzuello, que assegurou aos governadores que a União vai disponibilizar a vacina para a população.
“Esse tema da vacina já tem muita polêmica entre o nosso presidente e o governador de São Paulo. Quem cuida disso é o Ministério da Saúde e ele se predispôs a comprar. O ministro disse naquele tempo, via conferência com todos os governadores, na qual eu participei e muitos participaram. Eu não vou entrar nesta polêmica. A vacina vai chegar e estará disponível. Se o Governo Federal não comprar, com certeza o Governo de Mato Grosso vai ter o recurso para comprar, mas eu acredito que, como sempre, todas as vacinas são feitas dentro do plano nacional de vacinação que existe e o Governo Federal vai responder por esta responsabilidade”, afirmou o governador, ontem, durante o lançamento do Programa Mais MT, que vai destinar R$ 9,5 bilhões em investimentos para Mato Grosso.
A reunião com Pazzuello, citada por Mauro, foi realizada na semana passada, quando o ministro anunciou que o Governo Federal compraria 46 milhões de doses da vacina Coronavac, produzida pelo laboratório chinês Sinovac em parceria com o Instituto Butantan, vinculado ao governo de São Paulo.
No entanto, no dia seguinte o presidente Jair Bolsonaro desautorizou o ministro dizendo, nas redes sociais, que “A vacina chinesa de João Dória: Para o meu governo, qualquer vacina, antes de ser disponibilizada à população, deverá ser comprovada cientificamente pelo Ministério da Saúde e certificada pela Anvisa. O povo brasileiro não será cobaia de ninguém. Não se justifica um bilionário aporte financeiro num medicamento que sequer ultrapassou sua fase de testagem. Diante do exposto, minha decisão é a de não adquirir a referida vacina”.
Nesta semana, Bolsonaro, que já destinou R$ 2 bilhões para a pesquisa de Oxford, realizada pelo laboratório britânico AstraZeneca, e outros R$ 2,5 bilhões para o consórcio da Organização Mundial da Saúde (OMS) que desenvolve pesquisas com nove vacinas, questionou a pressa para criar uma vacina e disse entender que é melhor e mais barato investir na cura, mesmo que com medicamentos que não têm eficácia científica comprovada.
“Eu dou a minha opinião pessoal: não é mais barato e fácil investir na cura que na vacina? Ou jogar nas duas, mas também não esquecer a cura?”, defendeu em conversa com apoiadores. “Eu sou um exemplo. Eu tomei cloroquina, outros tomaram ivermectina outros tomaram Annita… e pelo que tudo indica, todo mundo que tomou precocemente uma das três alternativas aí foi curado”, completou.
Além da compra da vacina, Dória e Bolsonaro discordam e politizam a obrigatoriedade imunização. O presidente é contra e o governador é favorável.