A cidade ficou nos últimos dias completamente encoberta por uma ‘nuvem’ de fumaça, que está sendo provocada por queimadas nas propriedades e nos municípios próximos, no qual brigadistas e bombeiros têm trabalhado constantemente com controlar. De acordo com o médico otorrinolaringologista e um dos diretores da Associação Floresta Urbana, Milton Malheiros, o período provoca aumento significativo dos problemas respiratórios.
“Em Sinop, sempre foi assim nesse período do ano. Sempre tivemos muitas queimadas”. “Não podemos é colocar fogo em lixo de forma alguma. Nem na área rural, nem urbana. Nós tínhamos o lixão com fogo e melhorou porque está sendo levado para o aterro sanitário. O lixo doméstico é um veneno. Além do material orgânico, também libera hidrocarbonetos que são tóxicos e tem um monte de outras substâncias”, explicou.
Ainda de acordo com o especialista, “quando respiramos para trocar lá no pulmão o CO₂ para poder pegar o oxigênio temos que ter umidade de 60%. Nos últimos dias, chegamos a 13%, que umidade de deserto. Isso faz com que esse restante busque nas vias aéreas. Por que precisa para trocar o CO₂ pelo oxigênio. Com isso, leva junto a defesa causando muitas doenças”.
Ainda segundo o médico, foi criado o projeto Floresta Urbana já que as outras ações com umidificador, por exemplo, não resolvem. “Em agosto de 2010, fizemos uma pesquisa pegando a umidade relativa do ar em locais com árvore e sem elas. No centro da cidade, onde não há árvore (entre a Nogueiras e a Pitangueiras) essa umidade do ar foi de 26%. Já numa fazenda, nos mesmos dias, a umidade foi de 74%. Quase três vezes mais. Essa diferença pode ser notada quando passamos próximo ao Parque Florestal ou na reserva ao lado do cemitério”.
A pesquisa também revelou que no período de secura do ar aumentam os problemas respiratórios. “Nós comparamos as doenças das vias respiratórias baseado no tempo da seca e da chuva. Descobrimos que a tosse é seis vezes mais incidente a queixa no consultório no período da seca. Sangramento nasal é quatro vezes mais incidente relativamente falando na seca do que na chuva. Rinite alérgica se manifesta o dobro na seca. Isso comprova que a árvore trás umidade e que a secura trás doenças”.
O período proibitivo de queimadas na zona rural em todo o Estado começou no dia 1º do mês passado e segue até 30 de setembro. O governo do Estado decretou, ontem, estado de emergência para dobrar a capacidade de combate as queimadas, principalmente no Pantanal, e utiliza a tecnologia para identificar os causadores. Quem pratica queimadas ilegais pode chegar a R$ 50 milhões em multas ambientais e a detenção de um a quatro anos, em caso de dolo, e de no mínimo seis meses, em caso de incêndio culposo, sem a intenção de provocar fogo.