A onça pintada que foi resgatada, ferida, por conta de incêndios florestais no Pantanal Mato-grossense, apresentou melhoras. O tratamento do animal nas quatro patas inclui o uso de anti-inflamatório, analgésicos, antibióticos, curativos e botinhas feitas de ataduras e esparadrapos para que evite aumentar a lesão. No próximo sábado, deve começar o tratamento com aplicação de células-tronco visando acelerar ainda mais a recuperação.
O veterinário do Instituto de Preservação e Defesa dos Felídeos da Fauna Silvestre do Brasil em Processo de Extinção (Nex), Thiago Luczinski, informou que ela está se alimentando bem. “Apesar das lesões serem extensas e profundas no geral ela está bem e voltou a se alimentar, está bebendo água e está ativa, mesmo com dificuldades devido aos ferimentos. O tratamento de células tronco é uma tentativa de acelerar ainda mais a recuperação para que ela possa retornar a natureza o mais rápido possível”.
A secretaria estadual de Meio Ambiente (Sema) coordena uma força tarefa para atendimento aos animais silvestres atingidos pelos incêndios no Pantanal. O gerente de Fauna Silvestre da Sema, Waldo Troy, destaca que a ação conjunta é crucial para que os animais recebam o tratamento adequado e volte ao seu local de origem de forma saudável e acredita que o tratamento com células tronco, ao qual será submetida a onça, será benéfico. “É importante incentivar a pesquisa sobre este tipo de tratamento para que num futuro próximo os custos sejam menores e possa alcançar todas as espécies presentes na nossa fauna silvestre”.
Semana passada, uma equipe da secretaria e veterinários da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT) foram ao Pantanal com objetivo de escolher um local ideal para se instalar um Centro de Triagem e Reabilitação de Animais Silvestres (Cetras), que funcionará de forma provisória para atender animais vítimas de incêndios florestais. A equipe foi informada que uma onça se encontrava em um depósito, perto de uma residência e se deslocou ao local, junto com a Polícia Militar Ambiental, acionada para oferecer segurança aos habitantes da casa. Após várias tentativas de tirar o felino, ele saiu à noite, de forma espontânea.
No dia seguinte, a equipe da Sema e UFMT foi comunicada que tinha novamente uma onça dentro de outro depósito, também perto de uma casa, onde estavam abrigados brigadistas do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), a aproximadamente 400 metros de localização do anterior. Foi constatado que se tratava do mesmo animal, uma fêmea, que tinha queimaduras. Foi aplicado sedativo e, com apoio da equipe de comando e combate da Operação Pantanal II (que combate queimadas), foi transportada ao Hospital Veterinário da UFMT em uma aeronave da Força Aérea Brasileira.
Os profissionais concluíram que seria viável levá-la a um local que oferecesse um tratamento mais adequado ao tipo de ferimento. O felino foi transportado, então, ao Instituto de Preservação e Defesa dos Felídeos da Fauna Silvestre do Brasil em Processo de Extinção (Nex), em Corumbá de Goiás. O deslocamento foi feito em veículo apropriado, com climatização e o acompanhamento de veterinária da UFMT.
O Comitê Estadual de Gestão do Fogo articulou força-tarefa para atendimento aos animais silvestres atingidos pelos incêndios no Pantanal. Da Universidade Federal de Mato Grosso, participam médicos veterinários, além de profissionais do Instituto de Biologia.