O presidente da Associação Comercial e Empresarial de Sinop, Klayton Gonçalves, afirmou que uma quarentena obrigatória, o chamado “lockdown”, seria injusto na maior cidade do Nortão. A medida chegou a ser cogitada em junho pela prefeita Rosana Martinelli (PR), que decidiu pelo toque de recolher (prorrogado para o dia 26). Sinop segue classificada como risco “muito alto” de contaminação do coronavírus, conforme tabela divulgada pelo governo estadual.
“Por mais que Sinop tenha um alto índice de contaminação, tem baixo índice de moradores (sinopenses) na UTI. De 29 leitos de UTIs, a maioria é de outras regiões, Norte de Mato Grosso, Sul do Pará. Então, Sinop paga um preço, que é justo de se pagar, porque essas pessoas fazem com que ela seja o polo. Estes 800 mil habitantes vêm para cá consumir, mas também vêm buscar saúde. Só que a gente corre o risco de lockdown, fica sempre nessa negociação tremenda, por algo que temos o direito, que é a saúde”, afirmou Klayton. A taxa hoje de ocupação é de 86% e há 3 leitos de UTI disponíveis no regional.
Conforme o ultimo boletim da prefeitura, há sete moradores de Sinop internados em leitos de Unidades de Tratamento Intensivo (UTIs) do hospital regional com diagnóstico positivo para covid-19. Entre os casos suspeitos, há mais dois pacientes internados. Há ainda 14 moradores de outras cidades em UTIs públicas.
“Não acredito que tenha lockdown e também não acharia justo. Sinop teria um lockdown por ser polo regional e atender o Norte e o sul do Pará? Isso seria um absurdo. Até porque por mais que esteja alto o índice de contaminação, que aconteceu em todas as regiões do país, a quantidade de leitos de UTI se fosse para Sinop seria suficiente. A ACES é contra lockdown, é contra o fechamento de comércio, independente do ramo de comércio, e é a favor de flexibilizar. Se fechar e mandar todo o mundo para casa, as pessoas vão se reunir em casa, onde ninguém usa máscara. No comércio usa porque existe uma lei que obriga e ela tem que ficar com a máscara senão o empresário é punido. Então teríamos um nível igual ou maior de contaminação se houvesse lockdown”, completou.
Klayton ainda analisou que alguns ramos de atividades comerciais foram totalmente afetados pela pandemia de covid-19. “O que sabemos é que existe em torno de cinco ou seis ramos que estão totalmente afetados. Estão relacionados a bares, lanchonetes, cerimonialistas, decoradores e toda a cadeia que deriva de shows e eventos. Essa turma está extremamente prejudicada e com certeza eles serão os maiores responsáveis pelo índice de fechamento de empresas”.
Nesta quarta-feira, conforme Só Notícias já informou, o secretário estadual de Saúde, Gilberto Figueiredo, afirmou que não irá interferir judicialmente para cobrar dos prefeitos aplicação de mediadas mais regidas nos municípios onde o risco de contágio do Coronavírus é considerado muito alto. Ele afirmou que essas ações dependem do Ministério Público do Estado (MPE) e do Tribunal de Justiça de Mato Grosso.
No relatório divulgado na última segunda-feira, a secretaria de Saúde apontou que caiu de 33 para 16 o número de municípios que estavam com risco “muito alto” para transmissão da doença. Sorriso, Lucas do Rio Verde e Nova Mutum estão entre os que ‘desceram’ para risco “alto”, o que representa que tiveram redução considerável, nos últimos dias, na taxa de contágio. A classificação é feita, duas vezes por semana, pela secretaria estadual de Saúde. Sorriso está com 683 casos ativos, Lucas 665 e Mutum 148.
Sinop tem menor quantidade de casos, 233 ativos, e continua com risco muito alto de transmissão da doença porque teve crescimento no aumento de infectados, assim como Peixoto de Azevedo, que tem 214 casos ativos. Cuiabá (4.379), Várzea Grande (1.165), Rondonópolis (730), Cáceres (310), Primavera do Leste (266), Tangará da Serra (253), Barra do Garças (137), Colíder (124) e Chapada dos Guimarães (109) também estão entre os 16.