Um dos principais gargalos para os negócios de pequeno porte durante a pandemia da covid-19 pode ser superado com planejamento e pesquisa. Com dificuldade de acesso ao crédito em bancos tradicionais, as micro e pequenas empresas devem avaliar a necessidade do crédito, traçar uma estratégia financeira e diversificar a procura para enfrentarem a crise.
Uma pesquisa do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae) constatou que 80% dos negócios de pequeno porte buscam crédito apenas nos cinco principais bancos do país. Ao limitarem a procura, as empresas deixam de consultar outras instituições, como as cerca de 900 cooperativas de crédito, 30 fintechs (espécie de banco digital) e 600 empresas simples de crédito existentes no país.
“As empresas sempre buscam serviço financeiro onde têm conta e esquecem que há outro universo que pode ser buscado, porque as empresas estão absolutamente o ignorando”, disse o coordenador de Inovações Financeiras no Sebrae Nacional, Adalberto Luiz, em transmissão ao vivo na página do órgão no Facebook.
No caso das fintechs, Adalberto Luiz observa que a empresa não precisa ter conta na instituição e pode contratar a operação de crédito e enviar os documentos totalmente por meios virtuais. Em relação às empresas simples de crédito, ele explica que são empresas comerciais que emprestam apenas recursos próprios, sem a possibilidade de captar depósitos e os emprestar a outros clientes, como fazem os bancos e sem apoio do Banco Central.
O Sebrae mapeou as 177 principais linhas de crédito para os microempreendedores individuais (MEI), as micro e pequenas empresas no país oferecidas em 69 instituições financeiras de todos os tipos. Diferentemente dos grandes bancos, que cobram juros de até 13% ao ano, o órgão encontrou linhas de crédito com taxas de apenas 3,04% ao ano (0,25% ao mês).
A relação pode ser consultada no site do Sebrae, mas em breve estará disponível no aplicativo do órgão para dispositivos móveis.
Além dos juros altos nas instituições tradicionais, a exigência de garantias representa um obstáculo para o acesso ao crédito pelas micro e pequenas empresas. Muitas vezes, os bancos exigem que o empresário dê carros, imóveis ou um patrimônio que não têm como garantia para cobrir eventuais calotes. Isso reduz o interesse dos empresários e dificulta o acesso ao crédito.
Recentemente, o governo federal regulamentou o Programa Nacional de Apoio às Microempresas e Empresas de Pequeno Porte (Pronampe), sancionado em maio. O programa garante até 85% da operação de crédito por meio do Fundo Garantidor de Operações, abastecido com recursos do Tesouro Nacional.
Com empréstimos de até 36 meses, o Pronampe tem juros baixos. A taxa máxima equivale à Selic (juros básicos da economia) mais 1,25% ao ano. Com a Selic atualmente em 2,25% ao ano, a taxa pode chegar a até 3,5% ao ano. As linhas do programa, no entanto, têm restrições de valor e emprestam apenas 30% da receita bruta do negócio no ano anterior.
Uma opção para conseguir garantias mais amplas é obter financiamentos garantidos pelo Fundo de Aval às Micro e Pequenas Empresas (Fampe), operado pelo Sebrae. Por meio do Fampe, o Sebrae entra como avalista complementar da linha de crédito, garantindo até 80% da operação para financiamentos de até R$ 700 mil para negócios inovadores e R$ 300 mil para empresas não inovadoras. O mecanismo, porém, está disponível apenas nas 15 instituições financeiras que têm convênio com o Sebrae.