A música sertaneja voltou com força para fazer sorrir a emoção que o sentimento da vida no campo viveu e vive, fervorosamente. Pra falar a verdade, ela não voltou, porque nunca partiu, ou saiu de cena, apenas esteve retraída. A simplicidade sertaneja está sendo revigorada e revivida com o devido carinho que a natureza da musicalidade da vida rural, sublimada pela humildade caipira a consolida na essência de suas melodiosas. Estou falando da estreia do Programa da Rádio Nativa, “Raízes do Brasil – em prosas e versos, apresentado pelo cientista político, João Edisom de Souza e do historiador, palestrante e jornalista, Onofre Ribeiro, ocorrida nesse último dia 19, sexta-feira, às 15:00 hs.
A proposta do Programa vai mais longe do que os sertanejos imaginam. No decorrer da programação, os apresentadores também vão falar de outros estilos musicais numa abordagem que coloca a música sertaneja como raiz de todos os estilos, incluindo-se o Samba, a Bossa Nova, dentre outros. Não foi possível ficar sem se emocionar com os causos e as musicas delicadamente escolhidas para o primeiro Programa.
A emoção dos apresentadores foi fotografada pela sonorização de suas vozes. Elas se viam tremulas, por vezes e acudidas, se é que se pode ilustrá-las dessa forma, por Nós que a garganta não conseguiu disfarçar. Em meio a programação musical, cada música tinha o acompanhamento de seus versos interpretados em tons poéticos, ora por um, ora pelo outro apresentador. O professor João Edison interpretou os versos a letra de Cecilia Meireles, “ Eu canto porque o instante existe”. Música essa que ficou muito marcada na década de 70, quando foi gravada pelo cantor Raimundo Fagner. Sem querer espantar a “cria”, tive a impressão de estar ouvindo um Toni Ramos, ou um Jackson Antunes, ambos atores da rede Globo.
“Raízes do Brasil – em prosas e versos, chega para dar luz e voz á vida do campo, do sertanejo. Não poderia ser mais oportuno. Ele chega num momento em que a sociedade anda vivendo uma crise pandêmica, onde só se fala em desespero, depressão, desilusão. Ao assistir o Programa, o ouvindo vai se desligar um pouco de seus problemas, e reviver históricas e causos que há muito não ouvia. Outro ponto muito importante sobre o programa é que ele surge também, e, principalmente, para valorizar o sertanejo, seus causos, sua rotina bucólica dando vida á vida.
Se, e somente se, o primeiro Programa foi um sucesso, fazendo com que as emoções se desequilibrassem, o que se pode esperar dos próximos? Creio que haverá muitas outras emoções já colocadas na agulha, para sacramentar o vicio de uma convivência um pouco esquecida. O encerramento do primeiro Programa, “Raízes do Brasil – em prosas e versos, não poderia ser mais original que ouvir o cantor Cascatinha.