Já sabemos que a pandemia do novo coronavírus trará como consequência a mais grave crise econômica mundial dos últimos 90 anos, uma sequela do distanciamento social provocado pela pandemia e pela paralisação de diversos setores econômicos. A tendência é que os chamados países ricos sairão de forma melhor e mais rápida da crise, porém o mesmo não deve acontecer com os que possuem economias mais frágeis. Países como o Brasil terão muito mais dificuldade em colocar sua economia nos trilhos.
A cada momento, uma nova projeção da retração do PIB (Produto Interno Bruto) brasileiros é divulgada. A última previsão do Banco Central é de que o PIB brasileiro em 2020 será de menos 4,11%. Algumas instituições calculam que será muito mais, como o Bank of América que projeta uma retração 7,7%.
O Brasil também vê crescer assustadoramente seu déficit público, com as medidas, extremamente necessárias, tomadas pelo Governo Federal para socorrer estados e municípios, setores produtivos, empresas, trabalhadores informais e as famílias mais carentes financeiramente.
Sejamos otimistas, olhando para os livros de história, aprendemos que sempre após uma grande catástrofe, guerra ou crise, temos vários anos de crescimento e desenvolvimento. Mas, ações incisivas para retomada da economia são necessárias.
É essencial, passado o momento crítico, retomar as reformas estruturantes iniciadas em 2019, como as reformas tributárias e administrativas. Mas, o governo federal também deve dedicar especial atenção aos investimentos em infraestrutura. Obras estruturantes que garantam a logística nacional. Nenhum outro segmento consegue movimentar toda a cadeia produtiva como a construção civil, indo dos grandes dos investidores até a menor renda.
Historicamente, o setor tem uma relevância muito grande na matriz econômica nacional, sendo um dos que mais geram empregos de forma direta e de forma rápida. O denominado programa Pró-Brasil, elaborado pelos ministros militares em parceria com o Ministério da Infraestrutura e anunciado no final do mês de abril, está na direção correta e precisa ser implementado.
O programa prevê um incremento de R$ 300 bilhões, sendo R$ 250 bilhões em concessões e parcerias público-privadas e outros R$ 50 bilhões de investimento públicos, com a retomada de obras públicas. Foram indicadas 70 obras, na área de transportes, com projetos de engenharia e licenciamento ambiental em fase adiantada. Segundo estimativas do Ministério da Infraestrutura podem ser gerados um milhão de empregos de forma direta.
Segundo ponto em relação à infraestrutura e logística a se considerar é que o Brasil, que já tinha um déficit nesta área – considerando rodovias, ferrovias e portos e aeroportos – terá cada vez mais necessidade de modais para escoar sua produção, especialmente a agrícola e a agroindustrial. Em meio a pandemia do Covid-19, enquanto todos os demais setores registram quedas acentuadas, a demanda por commodities e proteína animal cresce. A China, nosso maior importador, neste momento está saindo da crise provocada pelo novo coronavírus, e tem ampliado exponencialmente suas importações do Brasil.
Os embarques brasileiros de soja em grão para a China aumentaram 37,6% em março, em relação ao mesmo período do ano passado, com tendência de crescimento. O governo chinês já pediu à empresas de alimentos que elevem seus estoques como medida de segurança e também temendo uma nova onda da doença. Negociadores estatais e privados de grãos, assim como produtores de alimentos, foram orientados a adquirir maiores volumes de soja, óleo de soja e milho. E estamos falando apenas da China, sem considerar os demais parceiros comerciais do Brasil.
A demanda por commodities crescerá em todo o mundo com a retomada da economia, e o Brasil será um dos países na mira com sua produção agrícola. Mas, para fazermos com que essa produção chegue até os compradores é necessário investir nas vias de escoamento, já citados antes, rodovias, ferrovias, portos e aeroportos. O investimento em infraestrutura é imprescindível, seja com investimentos próprios, seja através de parcerias.