Os produtores de madeira querem prorrogar o prazo de exploração em manejos e projetos licenciados devido à crise decorrente da pandemia do novo Coronavírus e apontam estimativa que a comercialização caia até 60% neste ano, inviabilizando a retirada dos produtos durante a safra, que teve início em maio. Com a diminuição do período chuvoso, começa a colheita da madeira nas florestas tropicais brasileiras oriundas de áreas de manejo ou de projetos autorizados pelos órgãos competentes. O pico geralmente é de junho a agosto, quando o índice pluviométrico é menor e permite a exploração da madeira e transporte com segurança.
Porém, com a queda nas vendas e incertezas do mercado, muitos produtores vão reduzir a colheita ou até mesmo suspender para evitar mais prejuízos econômicos. De acordo com o vice-presidente do Sindicato dos Madeireiros do Extremo Norte de Mato Grosso (Simenorte) e presidente do Fórum Nacional de Atividades de Base Florestal (FNFB), Frank Rogieri de Souza Almeida, como a madeira é perecível, os produtores não vão explorar os projetos em sua totalidade para evitar perda de produto nos pátios. “Entramos na safra com uma insegurança muito grande devido às incertezas no mercado interno e externo. Por isso estamos requerendo a prorrogação dos prazos para que os produtores possam explorar a madeira já licenciada na próxima safra. Estes produtos têm autorização de todos os órgãos fiscalizadores para serem retirados conforme o manejo adequado”, explica Frank.
O Fórum Nacional apresentou ao Ministério do Meio Ambiente um ofício destacando a importância da dilação de prazo das Autorizações Florestais de Exploração (Autex). Geralmente a autorização tem validade de um ano podendo ser renovado por mais um ano, sendo que em alguns estados este prazo é de dois anos, porém sem prorrogação. “Como algumas empresas já estão no último período de exploração, não vão conseguir executar os projetos em sua totalidade. Por isso estamos solicitando, em caráter especial, que os manejos sejam prorrogados automaticamente”, explica.
O setor de produção de madeira não tem linhas de crédito específicas e o presidente aponta que a retomada dos negócios para o setor pode ser ainda mais lenta, o que dificulta a manutenção das operações nas indústrias e dos projetos de manejo. “Estamos reivindicando abertura de crédito para o setor madeireiro que emprega muitas pessoas e movimenta a economia da região norte do país. Sem esses recursos, muitos não terão como retomar as atividades quando as vendas forem normalizadas”, afirma o vice-presidente do Simenorte, através da assessoria.