A juíza Ana Helena Alves Porcel Ronkoski remarcou o júri popular do principal suspeito de assassinar a vendedora Tânia Ottonelli, 43 anos. A vítima foi morta a facadas, em abril de 2016, no canteiro que divide as avenidas Uirapurus e Mutum, na área central da cidade.
O réu iria a júri popular no último dia 3. Porém, a magistrada levou em consideração o período de restrição sanitária em razão da pandemia de coronavírus (Covid-19) e remarcou o julgamento para o dia 22 de maio. Nesta data, o suspeito será julgado por homicídio qualificado, cometido por motivo fútil, mediante recurso que dificultou a defesa da vítima e contra a mulher em razão de gênero.
Segundo a denúncia do Ministério Público Estadual, o réu e vendedora namoraram por aproximadamente seis meses, tendo rompido o relacionamento em fevereiro de 2016, “em razão do ciúme excessivo do acusado, que não queria que a vítima mantivesse contato com outras pessoas, e dizia que a mataria e se mataria, caso ela terminasse o relacionamento”.
As investigações da Polícia Civil apuraram ainda que, por não aceitar o término do namoro, o suspeito teria passado a ameaçar de morte Tânia e o então companheiro dela. Na época, conforme a denúncia, o acusado estava em outro relacionamento e morava na casa do genro. No dia 14 de abril de 2016, a então mulher dele, a enteada e o genro teriam descoberto sobre o relacionamento extraconjugal com Tânia e que ele estava a ameaçando visando reatar o namoro. Por este motivo, determinaram que ele saísse da casa.
“Então, o denunciado adquiriu uma faca e seguiu a vítima pelas ruas da cidade, e, quando ela estacionou sua motocicleta, a abordou, a agarrou e desferiu dois golpes de faca que a atingiram nas partes anterior e posterior do tórax, e em seguida, se evadiu do local”, narra a denúncia.
José se entregou à Polícia Civil de Campo Novo do Parecis dias após o crime. Em conversa informal, ele confessou e deu detalhes sobre o crime aos policiais. Segundo a versão contada na delegacia, ele comprou a faca com a intenção de se matar, pois estava sendo, supostamente, ameaçado pelo namorado da vítima. Porém, de última hora, decidiu assassinar Tânia.
A defesa chegou a ingressar com um pedido de insanidade mental, que foi autorizado pela Justiça de Nova Mutum. Porém, o exame constatou que o garçom “era totalmente capaz de entender o caráter ilícito da sua conduta e de se autodeterminar de acordo com esse entendimento, e que ao tempo do exame apresentava bom estado de saúde mental, realizando tratamento ambulatorial para transtorno depressivo recorrente”.