Uma projeção feita pela Agência Brasileira de Inteligência (ABIN) estima que, em duas semanas, os pacientes do novo coronavírus ocuparão 3% dos leitos de Unidade de Tratamento Intensivo (UTI) disponíveis em Mato Grosso. Os informes do órgão federal, classificados como “sigilosos”, são enviados a agentes estaduais, e foram divulgados, nesta terça-feira, pelo portal The Intercept.
Segundo o relatório, Mato Grosso possui 1,1 mil leitos de UTI e 7,1 mil leitos de internação. No pior cenário estimado pela agência, com base nas curvas de progressão da doença em países como China, Itália e Irã, nos próximos sete dias, os pacientes do novo coronavírus deverão ocupar 0,35% dos leitos de UTI e 0,10% dos leitos de internação no Estado. Em duas semanas, a agência estima que o número de doentes será de 3% nas unidades de tratamento intensivo e 0,98% nos leitos de internação.
A ABIN também estimou a necessidade de leitos de internação considerando curvas de progressão semelhantes às de países que tiveram índices menores da doença, como França e Alemanha. Neste cenário, os pacientes da Covid-19 em Mato Grosso ocupariam 0,06% dos leitos de internação, em uma semana, e 0,34%, nas próximas duas semanas. Já os leitos de UTI teriam ocupação de 0,17%, nos próximos sete dias, e 1,05%, nos próximos 14 dias.
A estimativa da agência é menos preocupante para Mato Grosso do que para outros estados. Segundo a projeção da ABIN, no pior cenário, o Ceará terá, em duas semanas, 46% dos leitos de UTI ocupados por pacientes da Covid-19. Distrito Federal (44%), Santa Catarina (30%), Acre (30%) e São Paulo (25%) aparecem na sequência com as taxas mais altas de ocupação dos leitos, no cenário mais pessimista.
No documento, o órgão de inteligência detalha que levou em consideração o número de leitos pelo Sistema Único de Saúde (SUS) e unidades particulares, em quantitativo “fixo” e “não modificado no cenário”. Destacou ainda que, conforme dados do Ministério da Saúde, a taxa de ocupação dos leitos de UTI e internação gira em torno de 80% a 90%.
O relatório também estimou o número de mortes pela doença no país, em duas semanas. A projeção da Agência é de que, se o coronavírus se propagar com a mesma velocidade com que se espalhou por China, Itália e Irã, o Brasil chegará a 6 de abril com 5.571 mortos e 207 mil casos da doença. No segundo cenário, com base nas taxas observadas na França e Alemanha, o Brasil teria, no dia 6 de abril, 2 mil mortos e 71 mil casos confirmados.
“Uma ressalva importante: as projeções da Abin são feitas diariamente e a partir dos números divulgados pelo Ministério da Saúde e de comparações com as curvas de avanço da epidemia noutros países. Assim, eles podem variar bastante de um dia para outro. Na análise de 22 de março, por exemplo, a agência projetava 8.621 mortes até 5 de abril caso a covid-19 avançasse por aqui em ritmo semelhante ao que teve na Itália – quase 60% mais do que a previsão feita no dia seguinte”, destacou o Intercept.
Conforme o último balanço divulgado pelo Ministério da Saúde, nesta terça-feira, a doença já fez 46 vítimas fatais no Brasil, que registra 2,2 mil casos confirmados.