O presidente do Tribunal de Contas do Estado de Mato Grosso, conselheiro Guilherme Maluf, foi indicado, na primeira reunião ordinária do Conselho Nacional de Presidentes dos Tribunais de Contas (CNPTC) para coordenar a comissão criada para acompanhar as discussões sobre a Lei Kandir no Congresso Nacional e no Superior Tribunal Federal. Maluf defendeu as discussões dos impactos negativos do atraso na definição, por parte do Congresso, de regras para compensar os estados exportadores pelas desonerações dos Impostos sobre Circulação de Mercadorias (ICMS).
“Esse é um tema muito importante, não só para Mato Grosso, mas para todos os Estados exportadores do país. A Lei Kandir veio para estimular a exportação, por meio da desoneração dos tributos, mas existem duas situações em trâmite que vão balizar o futuro dessa lei e da política tributária de exportação. A primeira é a votação no Congresso do projeto que altera a legislação, cujo prazo se encerra em fevereiro, e a segunda e a mediação que estão nas mãos do ministro Gilmar Mendes no STF. Nós temos pelo menos 14 Estados que têm muita receita vinda da Lei Kandir e os tribunais de contas vão sim acompanhar e procurar defender seus Estados, pois é um recurso muito importante”, destacou Maluf.
O presidente do conselho, Joaquim Alves de Castro Neto, agradeceu a disposição do presidente da corte de contas de Mato Grosso em coordenar os trabalhos da comissão. “Essa comissão dará suporte aos parlamentares, participando das discussões, a fim de firmar regra nesse sentido, porque os estados estão perdendo recursos e perder recursos nesse momento é muito ruim. Esse trabalho é muito importante não só para os tribunais de contas, mas para os estados produtores, que estão tendo prejuízos na receita em razão da inexistência de regra”, declarou, através da assessoria.
A Lei Kandir (Lei Complementar 87/1996) isenta do pagamento de ICMS sobre as exportações de produtos primários e semielaborados ou serviços, o que inclui as commodities agropecuárias, que são o forte da produção mato-grossense.
Como forma de compensar a perda fiscal dos Estados em função da Lei Kandir, o Governo Federal criou o pagamento do Auxílio Financeiro de Fomento às Exportações (FEX), que em 2004 deixou de ter valor fixo, obrigando os estados a negociar a cada ano o montante a ser repassado, mediante recursos alocados no Orçamento Geral da União.
Em 2016, o STF entendeu que o Congresso foi omisso ao não regulamentar a Lei Kandir e deu prazo de um ano para os parlamentares editarem uma lei complementar sobre o assunto. O Congresso não chegou a uma conclusão e em fevereiro de 2019 o ministro decidiu conceder mais um ano de prazo aos parlamentares, que encerra nesse mês.
Mato Grosso ainda não recebeu as compensações do FEX de 2018 e 2019 que passariam de R$ 1 bilhão, embora o governo federal tenha previsto que pagaria até dezembro passado.