O advogado da mulher, de 44 anos, baleada no rosto e pescoço no último dia 17, no bairro São Domingos Gilvani Leal, informou, esta manhã, durante entrevista coletiva, que teve acesso ao inquérito policial que apurou o caso onde dois soldados da Polícia Militar, ambos de 30 anos, são acusados dos disparos. Consta no processo, que os suspeitos foram indiciados por homicídio tentado.
Ainda segundo o advogado, em novo depoimento, um dos soldados teria admitido que houve disparos e alegou estar sob efeito de bebida alcoólica. Gilvani também destacou que quando um dos militares teria se aproximado com a arma, a vítima teria pedido “pelo amor de Deus” para que não fosse morta, mesmo assim disparou e continuou apertando o gatilho, só não houve execução porque não havia mais bala.
“Ontem, no final da tarde, o delegado fez o relatório final do inquérito. Foi concluído e os dois foram indiciados pelo crime de homicídio tentado. Constam alguns depoimentos e alguns detalhes importantes no relatório do delegado. No depoimento do namorado (da vítima) ele relata: Voltou com a arma em punho (soldado) e atirou na vítima. Após um único disparo, o depoente lembra ter ouvido outros cliques, ou seja, ele continuou atirando. Ele só não executou ela porque tinha acabado a munição. Ele atira, a mulher é alvejada, cai e ele continua acionando o gatilho. O namorado conta que eles estavam no bar e viram que começou uma confusão, eles se deslocaram até o ponto de ônibus e a confusão continuou lá no bar. Eles (testemunha e vítima) passaram pelos suspeitos e sem motivo algum cometeram essa barbaridade”, conta o advogado.
O advogado relatou ainda que “chega primeiro um soldado e agride eles, com tapas e socos, quando ela levanta vem o outro soldado e dispara. Segundo o relato da testemunha, ele continua acionando o gatilho, mas não tinha mais munição. No começo (primeiro depoimento) eles (policiais) disseram que estavam na casa da mãe, não saibam de nada. Aí quando as imagens (das câmeras de segurança) começaram a ser veiculadas, lembraram. Já orientados por advogados pediram para ser ouvidos novamente e disseram que estavam bêbados no momento. Aí segundo eles, o namorado desferiu xingamentos”. Além do soldado a vítima também pediu para ser ouvida novamente. “Foi uma agressão gratuita, sem nenhum motivo e, que no momento que o soldado se aproxima com a arma, ela pede pelo amor de Deus, não atira, não me mata. Mesmo assim, ele efetuou o disparo e continua acionando a arma que não tinha mais cartucho”.
A mulher foi submetida a cirurgia de reconstrução do maxilar, ontem, que começou às 13h e só terminou à noite. Segundo o outro advogado dela, Danilo Militão de Freitas, “o estado de saúde é estável, ela passou por um procedimento cirúrgico de reconstrução da mandíbula. Ocorreu tudo bem com a cirurgia, entretanto, os médicos mantiveram a posição de não ser possível fazer a retirada do projétil que se encontra alojado ainda em virtude do risco de saúde e poder até levar a morte. Foi implantado placas em virtude de não ter estrutura para sustentar os ossos a musculatura. A face foi desintegrada, praticamente os ossos, ela está se recuperando bem, eventualmente não consegue falar. Por esses dias não vai poder ficar movimentando muito a face. Ela sofreu uma serie de lesões irreparáveis para o resto da vida. Além da questão física, tem toda uma questão psicológica, a mulher presa pela beleza e tudo”.