O ministro da Infraestrutura, Tarcísio Gomes, citou Mato Grosso em pelo menos duas grandes ações da sua pasta como prioridades parra 2020. Ele fala em leiloar o trecho da BR-163 até o Pará e em adiantar o projeto da Ferrogrão. Em menor escala, planeja fazer investimentos na Hidrovia do Paraguai. Em todo Brasil estão previstos 44 leilões nos quatro modais de transporte: rodoviário, ferroviário, aquaviário e aéreo. Há, ainda, uma previsão de que mais de 50 obras públicas sejam entregues, o equivalente a uma obra por semana.
A BR-163 deverá ser leiloada no trecho de 970 quilômetros entre Sinop e Miritituba (PA). A rodovia é ponto focal na rota de escoamento da safra de grãos produzidos, sobretudo em Mato Grosso, até os portos do Arco-Norte, e teve a pavimentação concluída pelo Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (DNIT) no ano passado. A concessão, espera o ministério, vai garantir a manutenção e a trafegabilidade da via, impedindo os atoleiros que ocorriam em períodos de chuvas.
No setor ferroviário, o ministro considera como “importante” a Ferrogrão que está na carteira de projetos do ministério. Ela tem um trecho de 1.142 quilômetros entre Lucas do Rio Verde/Sinop até Miritituba. Uma vez concluída, a linha férrea vai desafogar o grande volume de caminhões que trafegam pela BR-163, mudando a destinação da carga da rodovia para a ferrovia.
A viabilização da Ferrogrão pode ser um impeditivo para que haja interesse no leilão da BR-163, atualmente a única alternativa de transporte entre Mato Grosso e Pará. Com a linha férrea em funcionamento, o pagamento de pedágio na rodovia deverá diminuir.
“Eu tenho certeza que a gente vai ter um programa de concessão muito bem-sucedido também em 2020”, afirmou o ministro Tarcísio de Freitas na projeção que fez no final de 2019. “Tenho percebido uma confiança muito consistente de que nosso programa de concessões vai dar certo, nosso programa de infraestrutura vai dar certo e, mais do que isso, o Brasil vai dar certo”.
Também no final do ano passado, o ministro fez críticas irônicas ao ex-governador Pedro Taques (PSDB) que, durante sua estadia no Palácio Paiaguás buscou investimento na Hidrovia do Paraguai mesmo que tenha trabalhado contra o modal quando era Procurador da República.
“A Hidrovia do Paraguai também é outra coisa interessante do Brasil. Você sabe que o Eveteia (Estudo de Viabilidade Técnica, Econômica e Ambiental) da hidrovia foi barrado por uma ação do Ministério Público lá atrás, depois o procurador que entrou com a ação virou governador do Estado e daí queria fazer uma intervenção na hidrovia. Mas disseram que você não poderia nem fazer o estudo porque o Ministério Público entrou com uma ação e conseguiu o bloqueio na justiça. Mas quem foi que entrou com a ação? Na verdade foi o senhor mesmo”, disse o ministro para exemplificar as dificuldades enfrentadas pela sua pasta e para elogiar seus funcionários que são “persistentes”.
Apesar da crítica, Gomes confirmou que vai fazer investimentos na hidrovia que liga Cáceres ao Sul, pois considera o modal “supereficiente do ponto de vista energético”.
“Ninguém tem medo de hidrovia, pelo contrário. A gente já fez um Eveteia, nós temos um contrato de manutenção continuada na região de Cáceres, já fizemos dragagem lá em 2019 e temos recursos em 2020 para continuar nas dragagens. E nós estamos reabilitando alguns terminais na Hidrovia do Paraguai”, afirmou.