A Polícia Militar e o Instituto de Pesos e Medidas de Mato Grosso (Ipem) devem acompanhar a Energisa na retirada dos relógios de medição de consumo de energia elétrica que serão indicados para perícia pela Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) que investiga má prestação do serviço e possível abuso na cobrança da tarifa energética praticados pela concessionária. A parceria será formalizada pela Comissão, que não aceita a metodologia atual, na qual a Energisa retira, lacra e efetua, sozinha, o transporte até o Ipem.
Ontem de manhã, os membros da CPI realizaram uma visita técnica na sede do Ipem e conheceram a metodologia de trabalho aplicada na aferição dos equipamentos que medem a energia elétrica das unidades consumidoras. O presidente da CPI, deputado Elizeu Nascimento (DC) reforçou a confiança que o parlamento deposita no Instituto e ressaltou que a medida é para buscar transparência no trabalho.
“O Ipem tem feito um trabalho sério. Em Rondônia, por exemplo, o instituto faz um trabalho similar e, lá a aferição constatou que houve um aumento de 40% de vícios na tarifa de energia elétrica. Por isso depositamos total confiança no Ipem de Mato Grosso”, disse.
A Comissão já recebeu mais de 5 mil denúncias e, nos próximos dias, deve decidir quais relógios serão periciados, começando pela região da Capital. “Já tomamos a decisão de encaminhar alguns relógios para o Instituto. A seleção será feita de forma técnica. Isso deve ser feito ainda em dezembro de 2019, para que o Ipem comece os trabalhos. A princípio a aferição será feita nas unidades consumidoras da baixada cuiabana e depois estender para todo o estado”, disse.
O presidente do Ipem, Bento Francisco Bezerra, explicou que a coleta dos medidores com algum tipo de problema de aferição é feita pela concessionária de energia e não pelo Instituto, mas, segundo ele, atende às normas da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel).
“A concessionária tira o padrão do poste, fecha o invólucro e coloca o selo, garantindo que o produto saiu e chegou intacto até o Ipem. Ela notifica o consumidor dando ciência que o padrão será encaminhado ao instituto, por exemplo, com o número do lacre”, explicou.
Com o produto em mãos, o Ipem verifica se não houve violação do equipamento. Depois de feito essa análise o relógio medidor será verificado pelos técnicos do Ipem, que têm capacidade para análise de dez medidores por dia.
Até novembro deste ano, o Ipem periciou 9.701 medidores. Destes, 3.525 foram aprovados e 6.176 reprovados. “Do total de 6.176, dez foram contra o consumidor, e 6.166 medidores contra a concessionária”, disse.
O relator da CPI, deputado Carlos Avallone (PSDB), disse que vai solicitar o apoio de um professor de estatística da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT) para ajudar na formulação de uma proposta para a averiguação de alguns medidores suspeitos de vícios.
“O Ipem se comprometeu em fazer 10 vistorias por dia, o que dá 200 medidores analisados a cada mês. Isso é suficiente para que seja feita uma avaliação do que está acontecendo com os medidores. Isso é uma das ações que estamos fazendo na CPI”, afirmou.