A ministra do Supremo Tribunal Federal (STF), Rosa Weber, não autorizou a soltura de Paulo Jones da Cruz Flores, condenado a 82 anos de prisão por tráfico de drogas, associação para o tráfico, lavagem de dinheiro e organização criminosa. Ele foi preso em 2014, durante a operação Veraneio, da Polícia Federal, que desarticulou uma quadrilha que transportava cocaína da Colômbia e Venezuela, com destino a Honduras e México. A base logística do grupo era em Sinop.
A ministra analisou pedido de habeas corpus da defesa, que alegou ausência de motivos para manutenção da prisão preventiva, uma vez que Paulo está preso há três anos e a instrução penal já foi encerrada. Pede a revogação da sua prisão preventiva. Para a ministra, no entanto, “a prisão é necessária em razão da participação do empresário em sofisticado esquema criminoso do qual (Paulo) figura como mentor, com cooptação de pessoal para o transporte internacional de drogas, contatos telefônicos com pessoas suspeitas de serem narcotraficantes no exterior e indicação das rotas a serem seguidas pelos pilotos dos aviões para o carregamento e o descarregamento do entorpecente, até mesmo durante as viagens”.
Após a condenação, o juízo da 2ª Vara Federal de Sinop já havia negado ao empresário o direito de recorrer em liberdade. O Tribunal Regional Federal da 1ª Região (TRF-1) e o Superior Tribunal de Justiça (STJ) também negaram pedido da defesa para a soltura.
De acordo com reportagem do Estado de São Paulo, a organização criminosa comandada por Paulo e outros empresários brasileiros eram responsável pelo transporte de cocaína das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc) da Venezuela para Honduras, onde toneladas eram entregues aos cartéis mexicanos, por meio de aviões.
Conforme a denúncia, eram pagos até US$ 400 mil de propina a oficiais de alta patente do exército venezuelano na compra de códigos de identificação do controle aéreo para que não fossem abatidos. Propinas a hondurenhos também foram citadas. A quantidade de entorpecente variava de 700 quilos a 2,5 toneladas. Em aparte, os aviões eram carregados com a droga trazida pelas Farc, da Colômbia.
De acordo com o Estado de São Paulo, segundo relatório enviado à Justiça pelo delegado Rodrigo Levin, a apuração começou com a vigilância de dois empresários brasileiros. Consta que em uma das conversas, Paulo Flores, destacava o andamento dos trâmites para o transporte da droga. Os aviões partiam de cidades do interior paulista de Sinop, São Felix do Araguaia (TO) e Bacabal (MA).
Conforme a reportagem, as investigações, que começaram em 2012, já haviam resultado na apreensão do helicóptero de uma empresa, de um senador mineiro em 2013, no Espírito Santo, com 445 quilos de cocaína. Na operação em Sinop, em 2014, foi apontado que a cidade funcionava a ‘base logística’ com os aviões sendo preparados, em um aeródromo, e levados ao exterior.
A Polícia Federal calcula que o grupo sinopense faturava em torno de R$ 1,5 milhão e R$ 2 milhões/mês. O dinheiro voltava para o Brasil via doleiros e laranjas e os suspeitos compravam imóveis na cidade mato-grossense. Na época, foram apreendidos R$ 13 milhões (reais, dólares, euros), além de joias e automóveis.