Os vereadores que fazem parte da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) criada para investigar o prefeito de Cuiabá, Emanuel Pinheiro (MDB) definiram, esta manhã, durante a primeira reunião da comissão, que vão realizar nova oitiva do ex-governador Silval Barbosa e seu ex-chefe de gabinete, Silvio César Correa. Também serão ouvidos o ex-secretário de Indústria, Comércio, Minas e Energia (Sicme), Alan Zanata, e o servidor Valdecir Cardoso de Almeida.
Os nomes dos quatro primeiros depoentes foram apresentados pelo vereador Marcelo Bussiki para apreciação, pois constam no requerimento do pedido de abertura de CPI, assinado por nove vereadores ainda em 2017. Por essa razão, segundo o vereador, não haveria motivos para protelar a apreciação.
Apesar disso, o vereador Toninho de Souza questionou a proposição, sob a alegação de que precisava de conhecimento prévio de todos os documentos físicos da CPI para votar tal pedido. No entanto, Bussiki relembrou que ele já estava em posse dos documentos digitais desde a última semana e reforçou a necessidade da deliberação, uma vez que a proposta já era de conhecimento dos vereadores.
“Quando os nove vereadores assinaram o pedido de CPI, já constava a importância desses quatro depoentes para o esclarecimento do fato. Ou seja, já era de conhecimento prévio. Ninguém pode alegar desconhecimento, especialmente quem se propôs a entrar em uma CPI. Os vereadores Toninho e Joelson não foram pegos a laço. Se vieram para investigar, vamos investigar”, disse Bussiki.
Silval Barbosa deverá ser ouvido em razão do vídeo, anexado em sua delação premiada formalizada junto à Procuradoria Geral da República (PGR), em que Emanuel Pinheiro aparece recebendo dinheiro vivo entre os anos de 2012 e 2013. O dinheiro seria propina para que ele apoiasse os projetos do Executivo na época em que era deputado estadual.
Já Silvio César Corrêa foi o responsável por gravar o prefeito Emanuel Pinheiro recebendo maços de dinheiro e os colocando no paletó, enquanto o servidor Valdecir Cardoso de Almeida foi o responsável por instalar a câmera usada para a gravação.
O ex-secretário Allan Zanata, por sua vez, será convocado pois foi o responsável por gravar um áudio junto a Silvio Corrêa, cujo conteúdo supostamente colocaria em risco a delação do ex-governador Silval e, por consequência, o vídeo em que Emanuel Pinheiro é flagrado. O áudio foi encontrado na casa de Emanuel Pinheiro durante o cumprimento do mandado de busca e apreensão durante a Operação Malebolge.
Apesar da deliberação das oitivas, não foram definidas as datas para que elas ocorram, uma vez que foi concedido o prazo de 10 dias de vista do processo ao vereador Toninho de Souza, para que ele possa analisar os documentos produzidos pela comissão de trabalho da CPI anterior.
“Nós entregamos ao vereador todos os DVDs contendo toda a documentação ainda na semana passada. Ocorre que ele quer o processo físico. Então, atendemos esse pedido do Toninho. Porém, nesse prazo vamos deliberar as datas que esses primeiros quatro depoentes sejam ouvidos e intimá-los para que, quando vencer o prazo de vista, eles já possam ser ouvidos”, explicou Bussiki.
Ainda segundo o presidente da comissão, a CPI continua com seu trabalho administrativo ocorrendo normalmente durante o período de vista. Já o vereador Toninho de Souza afirmou que o prazo é importante para que ele possa se inteirar de todo o trabalho. “Eu preciso ter ciência do que foi produzido. Eu sou relator do processo. Não posso ir à CPI sem ter pleno conhecimento do que foi produzido até aqui”, alegou.