A deputada mato-grossense Rosa Neide (PT) saiu em defesa do cacique Raoni Metuktire, que foi criticado pelo presidente Jair Bolsonaro (PSL), terça-feira passada (24) em discurso na abertura da 74ª Assembleia-Geral da Organização das Nações Unidas, em Nova Iorque. A petista disse que Bolsonaro deve um pedido de “perdão” ao líder indígena que, na opinião dela, foi “destratado” em “nível mundial” durante a fala do presidente.
“Fica muito feio e nós estamos muito envergonhados de ver um presidente que o povo brasileiro elegeu destratar o líder de uma nação que chegou aqui muito antes de todos nós e que faz parte da liderança dos povos originários. Ele está aqui para fazer com que nossa nação seja respeitada porque eles guardam a cultura, guardam a memória e guarda a história”, afirmou Rosa Neide.
A parlamentar ressaltou a liderança exercida pelos povos indígenas, que são originários do Brasil, e disse que Bolsonaro foi “irresponsável” ao tecer as críticas.
“Vocês são líderes nacionais. Vocês nos representam. Nós precisamos de um pedido público de perdão a você pelo que o irresponsável desse presidente da República fez em nível mundial, destratando uma figura respeitada no mundo inteiro. Minha solidariedade e meu respeito como filha de Mato Grosso. Estou ao lado de vocês para lutar, para fazer o que for necessário para o nosso país e nossa terra resguardar os direitos de vocês”, completou Rosa Neide.
Na ONU, Bolsonaro disse que Raoni é peça de manobra dos europeus que visam avançar sobre a Amazônia e que “a visão de um líder indígena não representa a de todos os índios brasileiros”. O presidente estava acompanhado da índia Ysani Kalapalo, da aldeia Tehungu, no Parque Indígena do Xingu. Por Acompanhar Bolsonaro, ela foi criticada publicamente por 16 povos do Xingu.
“Não aceitamos e nunca aceitaremos que o governo brasileiro indique por conta própria nossa representação indígena sem nos consultar através de nossas organizações e lideranças reconhecidas e respaldadas por nós”, diz trecho da nota.
O próprio cacique Raoni se defendeu das falas de Bolsonaro, dizendo que o presidente não é um líder e pediu a renúncia do político. “Bolsonaro disse que eu não era um líder, mas é ele que não é líder e tem que sair”, disse.