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Menos de 1% das pacientes têm acesso à mamografia em Cuiabá

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A Gazeta

Em 6 meses, menos de 1% das pacientes que estavam na fila de espera para mamografia em Cuiabá conseguiram realizar o exame. A constatação faz parte de uma auditoria realizada pelo Ministério da Saúde (MS) e refere-se ao período de janeiro a junho de 2018. De 2.330 mulheres, apenas 22 foram atendidas. Esta é apenas uma das constatações da auditoria, concluída em junho deste ano, e que analisou procedimentos entre 2016 e 2018. No geral, o levantamento apontou diversas irregularidades em relação ao exame de mamografia na Capital. O órgão federal cita como risco da protelação do diagnóstico o agravamento do quadro clínico.

“O rastreamento como detecção precoce de câncer de mama no município de Cuiabá é pouco efetivo, visto que os exames são solicitados de forma oportunística, superrastreamento impedindo o acesso de mulheres ainda não rastreadas, realização de exames fora da faixa etária do público alvo”, complementa análise. De acordo com o Ministério da Saúde, entre as falhas do município de Cuiabá está a realização de exames sem cobertura contratual e de exames com códigos inexistentes nos documentos descritivos dos termos de contratos e/ou convênios firmados. Em contrapartida, os códigos contratados foram executados aquém do estipulado.

O relatório destaca que, embora não pactuando o procedimento mamografia bilateral para rastreamento, nos 3 anos analisados foram mais de 23 mil exames, acarretando ônus de R$ 1 milhão aos cofres públicos. Mesmo notificando o município sobre irregularidades, o Ministério da Saúde destaca que as situações perduraram por todo o período analisado e sem resposta do ente municipal. O órgão federal frisa que tal atitude indica inércia da gestão frente a tais inconformidades e carecem de apuração de possíveis danos ao erário.

Mastologista Aguiar Farina destaca que no Brasil há um atraso no diagnóstico de câncer de mama e, consequentemente, no tratamento. O médico ressalta que a mamografia é usada para o diagnóstico e tratamento precoce, reduzindo a mortalidade. No entanto, por uma série de fatores, o exame ainda é pouco realizado, entre eles a baixa procura e falhas no oferecimento.

Farina frisa que após os 40 anos a mulher deve fazer mamografias periodicamente, mesmo sem sentir dores. “Mas a realidade é diferente. O que se sabe é que apenas 30% das brasileiras fazem o exame”, diz. Se por um lado no serviço público a busca ainda é insuficiente, Aguiar enfatiza que na rede privada a sensação que se tem é que as mulheres se cuidam mais. O médico salienta que uma das coisas que precisam ser melhoradas é exatamente a conscientização das pacientes para a necessidade de realizar o procedimento. “Faltam informações, as mulheres também precisam buscar mais o serviço público e na prática não é isso que tem sido observado”, complementa o especialista.

Voluntária do MT Mamma, a médica radiologista Ritamaris de Arruda cita que entre os motivos da baixa procura por mamografia ainda estão o tabu e a falta de treinamento de profissionais nas unidades de atenção primária. Ritamaris frisa que há casos em que os próprios médicos, que deveriam solicitar o exame, não o fazem.

“Pesa muito esta falta de infraestrutura, tem muito a ser melhorado na atenção básica, a começar pela preparação dos profissionais”. A não realização deste exame de detecção faz, conforme a voluntária, que quando a paciente note um nódulo, já esteja em estado avançado. Ritamaris reforça que um diagnóstico precoce aumenta a chance de cura e a chance de que o tratamento seja menos “mutilante”.

“A paciente quando vai ao médico o nódulo está enorme e a chance de espalhar é maior, assim como a possibilidade de cura é baixíssima, ou seja, não há garantia desta cura”, afirma Ritamaris Arruda. A médica ratifica que outro fator preponderante é que o toque e o autoexame não fazem parte da cultura da mulher. Segundo Ritamaris, muitas ainda não fazem por desconhecimento ou mesmo por medo. Salienta que nas palestras é impressionante mas muitas mulheres afirmam que nunca ouviram falar do autoexame. “Temos que quebrar os tabus. As pessoas precisam entender que essas atitudes precisam ser rotineiras, não apenas quando sentir dor”, afirma.

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