Ministério Público denunciou Lumar Costa da Silva, 28, pelo crime de feminicídio com qualificadoras de motivo fútil, emprego de meio cruel e utilização de recurso que dificultou a defesa da vítima. Ele é acusado de matar e arrancar o coração da tia Maria Zélia da Silva Cosmos, 55 anos, no último dia 02, em Sorriso.
Denúncia assinada pela promotora de justiça Maisa Fidelis Gonçalves Pyrâmides destaca que o denunciado foi até a residência de sua tia, encontrando a vítima sentada em uma área. Lumar chamou Maria Zélia para conversar dentro da casa, momento em que ela foi surpreendida com diversos golpes de faca. Ele tentou abrir-lhe o tórax da vítima, não obtendo êxito no momento e pegou uma outra faca, dilacerou da tia, retirando-lhe o coração.
O Ministério Público frisa que a qualificadora do motivo fútil restou caracterizada pois o cometimento do crime foi o fato de o denunciado ter sido repreendido por sua tia alguns dias antes. E ainda dificultou a defesa da vítima, porquanto esta foi atacada dentro da residência onde morava, totalmente vulnerável.
Quanto à qualificadora do uso de meio cruel, o Ministério Público enfatiza que a vítima passou por um sofrimento físico e mental descomunal, ao ter seu coração arrancado. “Da mesma forma, a qualificadora do feminicídio está totalmente demonstrada, pois inserida no âmbito da violência doméstica, uma vez que ceifou a vida de sua tia que havia lhe oferecido abrigo, alegando ser ela parecida com a sua genitora, demonstrando assim que tal fato ocorreu por razões da condição do sexo feminino”, reforça a promotora.
Ministério Público requer a juntada de antecedentes criminais de Lumar e manifestou contrariamente ao exame de sanidade mental. Para o órgão ministerial, apesar da Defensoria Pública alegar que ele possui histórico de esquizofrenia na família e que as circunstâncias em que o crime ocorreu traz dúvida acerca da integridade mental, não há elementos concretos capazes de indicar que o denunciado possui problemas mentais.
A promotoria aponta trecho da investigação que demonstrou ser Lumar uma pessoa muito inteligente, autodidata e que aprendeu o idioma inglês apenas por livros e vídeos na internet. O inquérito traz depoimentos do pai do acusado, que disse que Lumar chegou até ter proposta para trabalhar fora do país.
Antes de ir para Sorriso, ele trabalhou por dois anos no ramo de tecnologia, exercendo a função de analista de redes. “Logo, tendo em conta que nos autos não consta qualquer elemento de informações suficiente a embasar a instauração de um incidente de insanidade mental, o Ministério Público manifesta-se contrariamente à abertura de tal”, finaliza.
Lumar morava em de São Paulo e foi para Sorriso após um desentendimento com a mãe. Ele foi acolhido pela tia Maria Zélia. Ao descobrir que Lumar era usuário de drogas, a tia pediu para o sobrinho sair da casa. Lumar foi morar numa quitinete, mas, voltou e cometeu o crime. Além do homicídio ele furtou R$ 800 da tia, provenientes de aluguel. E ainda levou o coração de Zélia para a prima, filha da vítima. Roubou o carro da prima e tentou sequestrar a filha dela, uma menina de 7 anos. Com o carro ele bateu numa subestação de energia tentando incendiar o local.
Lumar foi preso e transferido para a Penitenciária Osvaldo Florentino Leite, o “Ferrugem”, em Sinop, onde segue em cela separada. Em depoimento ele negou qualquer arrependimento quanto ao crime e disse que a tia merecia morrer.