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Jornada sem retorno

Juacy da Silva - professor titular e aposentado da Universidade Federal de Mato Grosso, sociólogo, mestre em sociologia - Twitter@profjuacy email [email protected]
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A jornada pode ser curta ou longa, pode demorar pouco ou durar muito tempo, mas toda ela deve ser percorrida, não existem atalhos que possam ser palmilhados como novas alternativas, alguns dizem que isto é um “carma”.

Cada pessoa tem uma cruz, que lhe é exclusiva para carregar, uma travessia que precisa fazer sozinha/sozinho, muitos fantasmas que precisam ser espantados, muitas miragens que precisam se aproximar.

O ocaso da existência humana não é nada fácil, mesmo que algumas pessoas teimem em dizer que esta fase pode ser denominada de “melhor idade”, esta forma de pensar ou se referir `a última etapa de uma caminhada que, quase sempre é complicada e triste, para se dizer o mínimo.

A fase final da vida, da existência humana é caracterizada, na maioria das vezes, pelo abandono, por parte de parentes, amigos, amigas, vizinhos; muitos e muitas das quais já se foram.

A solidão, a perda da consciência, as doenças debilitadoras, crônicas, degenerativas, a perda das funções vitais, as demências, a perda da consciência de sua própria identidade revelam um lado triste, amargo, cruel para quem, um dia foi ativo/ativa, tinha muita energia física, mental e emocional e espiritual, indicam que a jornada está caminhando por uma estrada sem luz, com muita escuridão.

Muitas pessoas ao cruzarem com quem esta caminhando rumo ao ocaso da existência, nem imaginam quem foram esses caminheiros, o que fizeram, o que sonharam e o quanto contribuíram para suas comunidades, afinal, depois de tanto percorrem os caminhos da vida, para muitos mais se parecem com “trapos humanos”, vegetando longe do que podemos dizer “dignidade humana”.

Basta visitarmos alguns hospitais, sanatórios, UTIs, albergues, casas de idosos ou mesmo muitos que vivem nas ruas e praças de nossas cidades, sem nenhum apoio, respeito ou consideração.

Os olhares desses viajantes solitários, ao se aproximarem da linha da chegada, cansados, exauridos pelo tempo e pela dureza da vida vivida, já perderam o brilho que os caracterizavam quando jovens, cheios de energia, sonhos, esperanças e vontade de lutar, vencer e parecem se perder no infinito, tão sombrio quanto os próprios desígnios da existência humana!

Assim milhões de pessoas, por este mundo afora, estão dando adeus à própria existência. Enquanto isso, o mundo não para, mais se parecendo com uma grande engrenagem que vai moendo impiedosamente todos nós.

De nada adianta beleza, vaidade, poder, dinheiro, cartões de credito, tratamento”vip”, opulência, riqueza, badalações; um dia cada um de nós vamos nos defrontar com a linha da chegada e , quem ainda tiver consciência de sua própria existência, vai perceber que nosso destino comum é o mesmo: o fim da linha chegou!

A jornada terminou, a festa acabou e vamos alçar novos voos, como os pássaros, rumo ao infinito, desconhecido e por todos tanto temido, mas que inexoravelmente chegou!

Este será o momento da despedida, do adeus final, pois a jornada acabou, não poderá ser prorrogada e nem adiada! Quando iremos prestar contas do que fizemos, deixamos de fazer, como vivemos, por que e para que vivemos!

Pense nisso, caro leitor, prezada leitora! Reflita um pouco mais profundamente sobre seu presente e seu futuro, nao se atemorize se já estiver vendo ou percebendo que a linha de chegada está bem ali, praticamente na esquina da vida! Nem tente correr para trás, isto é impossível! A vida vai terminar ou já terminou!

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