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Tá maluco

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Alexandre Garcia

Em Kioto, o presidente da França, perguntou a Bolsonaro se aceitaria uma reunião com ele, Macron, e Raoni. Recebeu de resposta um imediato não. Fosse eu, a resposta seria um “tá maluco?”. Raoni é promoção do cantor Sting, assim como Juruna foi criação do antropólogo Darcy Ribeiro. O Presidente do Brasil explicou ao francês que Raoni “não representa o Brasil, nem a comunidade indígena de onde veio”. Na Europa, Raoni é apresentado como um defensor da Amazônia. Bolsonaro convidou o francês, para um voo sobre a floresta. Um voo atravessando a França de um extremo a outro dura 100 minutos. Pelo mesmo tempo podem voar sobre a Amazônia e só ver floresta.

A França vê o Brasil como um país exótico, na sua exuberância tropical. Mulheres semi-despidas, praias, macacos e cobras, índios e floresta sendo devastada. E os índios, os “bons selvagens” de Rousseau. Exotismo trazido por Gauguin e seu impressionismo no Taiti. As utopias dos escritores sobre lugares paradisíacos do outro lado do mar. E visitantes pouco civilizados, que se comportam mal em Paris, falando alto nos restaurantes. Um colega meu de Jornal do Brasil, Luiz Edgar de Andrade, chegou a atribuir ao Presidente De Gaulle uma frase dita em francês pelo embaixador brasileiro: “Le Brésil n’est pas un pays sérieux”.

Bolsonaro deu resposta à altura também à Senhora Merkel, de que não aceitamos tutelas na política do meio ambiente. A Alemanha extrativista acabou com seu bioma original e hoje seu verde é de reflorestamento. E emite sete vezes mais carbono que o Brasil. O brasileiro confirmou a adesão ao Tratado de Paris, que estabelece metas de proteção ambiental, e Macron terminou por servir água a Bolsonaro, como mostra uma simbólica foto. O encontro em Kioto de líderes das 20 maiores economias do planeta serviu de vexame para os que noticiaram que Bolsonaro ficaria isolado e que não seria recebido por Merkel e Macron. Mas Bolsonaro conseguiu até fechar acordo entre o Mercosul e a União européia.

Brasileiros derrotados em outubro, sem conseguir platéia em seu país, vão para a Europa falar mal da terra em que nasceram. Eu mesmo vi e ouvi, um dia, um ex-ministro de Dilma, dizer a uma ministra do Reino Unido que não há democracia no Brasil. A gente costuma falar mal de nosso país entre nós – isso é saudável. Mas falar mal da nossa família para os vizinhos e amigos parece traição. O Nordeste, que está cheio de gente, está vazio de ONGs; a Amazônia, que é um vazio de população, está cheia de ONGs. Quando o dinheiro fácil cessa, falam mal de nós lá fora e impressionam os europeus. Tão malucos.

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