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Preso mais um suspeito de envolvimento com o jogo do bicho em Mato Grosso

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Só Notícias/Gazeta Digital (foto: José Carlos Araújo e assessoria)

O homem acusado de captar clientes e apostadores para o jogo do bicho em Rondonópolis (212 km de Cuiabá) foi detido pela Gerência de Combate ao Crime Organizado, em Brasnorte (579 km de Cuiabá), ontem. Ele foi preso enquanto participava de uma festa de rodeio. Conforme informações da GCCO, ele atuava no grupo de Frederico Müller concorrente de João Arcanjo Ribeiro, ambos presos na última quarta-feira, na operação Mantus, deflagrada para desarticular esquemas de jogo do bicho e lavagem de dinheiro.

De acordo com as investigações, os esquemas realizados por dois grupos, um liberados por Arcanjo e seu genro, Giovanni Zem Rodrigues, e o outro por Frederico Müller. Ao todo, foram expedidos 63 mandados judiciais, sendo 33 de prisões preventivas e 30 de busca e apreensão domiciliar, pelo juiz da 7ª Vara Criminal da Comarca de Cuiabá, Jorge Luiz Tadeu.

As ordens judiciais foram cumpridas em Cuiabá, Várzea Grande, Sinop, Sorriso e em mais 3 cidades. Um dos alvos foi preso no aeroporto de Guarulhos com apoio da Polícia Federal.

Conforme Só Notícias já informou, em Sinop, uma pessoa, que não teve a identificação divulgada, foi presa e encaminhada à delegacia municipal por investigadores do Gerência de Combate ao Crime Organizado. De acordo com o delegado Frederico Murta do GCCO, ele era um dos gerentes do jogo na região e usava uma empresa de fachada, mas que na verdade era um escritório de jogos, principalmente de jogo do bicho. “Foi apreendida grande quantidade de material, contabilidade, muitas máquinas do jogo do bicho. A investigação já tem quase dois anos e foram identificados dois grandes grupos que controlavam o jogo do bicho no Estado. O rapaz que foi preso em Sinop era o gerente que comandava as operações de um desses grupos na região norte do Estado. Então, todas as bancas de jogos e pessoas que “trabalhavam” com essa atividade na região norte se reportavam a ele. É um dos membros da organização a qual o Arcanjo é um é o grande comandante. Apenas no último ano eles movimentaram mais de R$ 20 milhões de reais”.

Ainda segundo o delegado, os presos em Sinop e Sorriso vão passar por audiência de custódia e devem permanecer em seus municípios à disposição da justiça. “Posteriormente, caso seja necessário, no decorrer das investigações eles serão recambiados. Especificamente o preso em Sinop está sendo autuado em integrar organização criminosa, lavagem de dinheiro, contravenção penal e uma situação de Juara de extorsão mediante a sequestro que ele participou”.

Em Sorriso houve duas prisões e dois veículos foram apreendidos além de materiais de apostas”. Identificamos material ligado a contravenção, foram apreendidas tabelas, máquinas, muitas vezes são utilizados cartões de crédito dessas pessoas que são viciadas em jogo, também apreendemos dinheiro proveniente do exterior, então a partir desse momento vamos fazer interrogatório e passar todas as informações para os demais colegas”, informou o delegado da Polícia Civil Nilson Farias.

As investigações iniciaram em agosto de 2017, conseguindo descortinar duas organizações criminosas que comandam o jogo do bicho no Estado de Mato Grosso, e que movimentaram em um ano, apenas em contas bancárias, mais de R$ 20 milhões. Uma das organizações é liderada por João Arcanjo Ribeiro e seu genro Giovanni Zem Rodrigues, já a outra é liderada por Frederico Muller Coutinho, informa a assessoria da Polícia Civil.

Arcanjo, conhecido como “Comendador”, é acusado de liderar o crime organizado em Mato Grosso, nas décadas de 80 e 90, sendo o maior “bicheiro” do Estado, além de estar envolvido com a sonegação de milhares de Reais em impostos, entre outros crimes.

No ano de 2002, Arcanjo foi alvo da operação da Polícia Federal, Arca de Noé, em que teve o mandado de prisão preventiva expedido pelos crimes de contravenção penal, formação de quadrilha, lavagem de dinheiro e homicídio. A prisão do bicheiro foi cumprida em abril de 2003 no Uruguai. Arcanjo conseguiu a progressão de pena do regime fechado para o semiaberto em fevereiro de 2018, após 15 anos preso.

“O empresário Frederico Müller Coutinho é um dos delatores da Operação Sodoma, que investigou fraudes que resultaram na prisão do ex-governador Silval Barbosa. Müller trocava cheques no esquema e chegou a passar dinheiro para o então braço direito do ex-governador. Os cheques teriam sido emitidos como parte de um suposto acordo de pagamento de propina ao grupo político do ex-governador”, aponta a Polícia Civil.

Durante as investigações, foi identificada uma acirrada disputa de espaço pelas organizações, havendo situações de extorsão mediante sequestro praticada com o objetivo de manter o controle da jogatina em algumas cidades.

Os investigadores também identificaram remessas de valores para o exterior, com o recolhimento de impostos para não levantar suspeitas das autoridades. Foram decretados os bloqueios de contas e investimentos em nome dos investigados, bem como houve o sequestro de ao menos três prédios vinculados aos crimes investigados.

Os suspeitos vão responder pelo crime de organização criminosa, lavagem de dinheiro, contravenção penal do jogo do bicho e extorsão mediante sequestro, cujas penas somadas ultrapassam 30 anos.

O delegado titular da Gerência de Combate ao Crime Organizado, Flávio Stringueta, cita a integração entre a GCCO e a Defaz como um dos pontos principais para o êxito das investigações. “Em especial, dos Núcleos de Inteligência, que desempenharam um trabalho de excelência, sob a coordenação do delegado Luiz Henrique Damasceno”, destacou.

Para o delegado Damasceno, um dos coordenadores das investigações, a ação demonstra o trabalho qualificado da Polícia Civil que por meio do uso do Laboratório de Dinheiro, visou atacar principalmente o aspecto financeiro das organizações criminosas.

A operação coordenada pela Diretoria de Atividades Especiais, conta com o apoio da Diretoria Metropolitana, Diretoria do Interior, além do auxílio do Laboratório de Lavagem de Dinheiro da Polícia Civil na coleta dos dados, que foram trabalhados pelas equipes que atuaram diretamente no Inquérito Policial.

O nome Mantus: Na mitologia etrusca, Manto (em latim: Mantus) é o deus do mundo dos mortos no vale do rio do Pó. Manto também é conhecido como o Deus do azar, onde chamava atenção de suas vítimas através de jogos, roubando assim suas almas.

 

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