De olho na piora das expectativas para o crescimento econômico este ano, o governo Jair Bolsonaro avalia liberar novamente o saque das contas dos trabalhadores no PIS/Pasep, segundo apurou o Estadão/ Broadcast. A expectativa é de que a medida proporcione uma injeção de R$ 9 bilhões a R$ 10 bilhões na economia após a nova rodada de resgates.
A medida vem num momento em que o setor produtivo cobra do governo iniciativas para estimular a economia diante do baixo crescimento. O IBGE anunciou queda de 1,3% na produção industrial em março ante fevereiro, o que foi visto como mais um sinal de que a economia pode ter voltado a encolher no 1º trimestre.
O fundo PIS/Pasep ainda reúne cerca de R$ 21 bilhões de trabalhadores que tiveram a carteira assinada entre 1971 e 1988 e não sacaram os recursos, mesmo cumprindo os requisitos então em vigor – aposentadoria, doença grave ou idade de 70 anos. Esse dinheiro se acumulou no período após a descontinuidade do fundo, cujas receitas foram direcionadas ao Fundo de Amparo ao Trabalhador (FAT), e poderia agora dar um empurrão no consumo das famílias ou ajudá-las a pagar dívidas.
Na tentativa de alavancar o crescimento, o governo do presidente Michel Temer inaugurou esse tipo de expediente e decidiu antecipar a idade de acesso às contas do PIS/ Pasep para 60 anos, por meio de um medida provisória. No Congresso, os parlamentares alteraram o texto e, até o fim de setembro de 2018, permitiram que qualquer detentor das cotas do PIS/Pasep pudesse resgatar o dinheiro.
O governo atual pretende repetir a dose e liberar os saques para todas as idades. Mas, a equipe do ministro da Economia, Paulo Guedes, vê o impacto da medida no crescimento como “consequência” de uma iniciativa pensada para devolver dinheiro que é do trabalhador. No governo Temer, a liberação do PIS/Pasep sucedeu o saque das contas inativas do FGTS, que colocou cerca de R$ 40 bilhões para circular na economia em momento de baixo crescimento. O presidente da Fiesp, Paulo Skaf, já se manifestou defendendo que medida semelhante seja adotada por Bolsonaro.
No caso do PIS/Pasep, há maior dificuldade em liberar todos os recursos porque muitos beneficiários já faleceram. A Caixa, responsável pelo PIS, e o Banco do Brasil, que gerencia o Pasep, têm dificuldades em comunicar herdeiros sobre a disponibilidade do dinheiro. Dados de 30 de junho de 2018 mostram que 30% do saldo está nas contas de quem tem mais de 70 anos e já pelo critério antigo poderia resgatar os recursos.