O indicador de volume da produção das indústrias mato-grossenses registrou 42,5 pontos – seis abaixo dos 48,5 registrados em âmbito nacional e confirmando a tendência de queda que vinha se desenhando nos últimos quatro meses. Além do volume de produção, a utilização da capacidade instalada também recuou, caindo de 60% para 56% do total. Isso demonstra que as empresas estão operando com ociosidade. Os resultados fazem parte da pesquisa Sondagem Industrial, elaborada pelo Observatório da Indústria da Fiemt (Federação das Indústrias de Mato Grosso) em parceria com a Confederação Nacional da Indústria (CNI).
A cautela entre os industriais acompanha tendência nacional, que inclui quedas na projeção do Produto Interno Bruto (PIB) e falta de perspectiva quanto à aprovação das reformas estruturantes. A previsão de crescimento do PIB, que no início do ano era de 2,5%, já está em 1,97%, de acordo com o relatório Focus, do Banco Central.
O presidente da Fiemt, Gustavo de Oliveira, avalia que a estagnação nas negociações pela aprovação das reformas, originadas pelos impasses entre o Governo Federal e o Congresso Nacional, têm influência direta na reação do setor produtivo. “A expectativa do empresariado era – e ainda é – de ver as reformas caminharem, para que fosse possível retomar o crescimento estruturado da economia. Até o momento, isso não se consolidou. A geração de empregos parou, as projeções do PIB estão minguando”, afirma.
Ele acredita que algumas das 18 medidas anunciadas, semana passada, pelo presidente da República poderão surtir efeitos positivos, pois simplificam exigências, racionalizam órgãos públicos e melhoram o arcabouço regulatório – porém é preciso mais. As medidas incluem a revogação de decretos que visam reduzir as exigências burocráticas sobre empresas e indivíduos, a resolução que trata da cessão onerosa na exploração do petróleo do Pré-Sal, a autonomia do Banco Central e a que trata da conversão de multas ambientais.
A nível nacional, as medidas podem impactar positivamente em função de reduzirem a insegurança jurídica e também alguns custos. Mas o efeito para Mato Grosso é bem mais tímido, pois o processo de industrialização no Estado depende de investimentos em infraestrutura e logística, além da desoneração da energia e do diesel, por exemplo, o que só será viável com um equilíbrio mínimo das contas públicas. “Esse equilíbrio não vai ser alcançado enquanto a discussão sobre as reformas continuar patinando”, resume Gustavo, “e a geração de empregos de qualidade em Mato Grosso só vai aumentar quando conseguirmos fazer o processo de industrialização decolar. Tudo está interligado”, conclui, através da assessoria.